Os meses se passaram e o silêncio permanece contido no espaço vazio, minhas letra e pensamentos vooam. Minhas palavras permanecem soltas no ar e assim não se fixam no papel branco sobre a mesa. As vezes não sei o que escrever e ao mesmo tempo ficar sem escrever tornou-se um treino para que de alguma forma, meus pensamentos e os tons de minhas palavras cheguem ao teu encontro.
Palavras que ainda não foram ditas e tão pouco escritas neste espaço estão adormecidas, mas permanecem envoltas de amor, de lembranças e de emoções vividas e contidas.
Os dias e meses se passaram, mas as recordações ainda bailam sobre o espaço vazio, seu último sorriso ainda paira em minha mente, seu último toque ainda sinto em minha pele, teu perfume e a essência que te envolve ainda estão contidas em meu coração.
Os meses e dias se passaram e em mim permanece a saudade que tua ausência me provoca, mas só o tempo poderá desvencilhar meus sentimentos que ainda permanecem quardados e selados em você!
Os meses e os dias se passaram, mas o sentimento permanece.
Perdi a noção do tempo e do espaço, deixo de lado os sonhos e mergulho na realidade que me absorve. Minha mente cansada das viagens percorridas pelo espaço, agora descansa no silêncio que invade meu interior. Deixo meus sonhos de lado para poder sentir sensação do meu corpo. Sinto-me imerso em um imenso vazio, mas sinto saudades, do teu corpo dos teus lábios.
Aqui permaneço sem a noção do tempo e do espaço, aqui permaneço com saudades.
Escrever meus sentimentos é uma maneira poética de expressar meu amor ainda por você! O tempo se dissolve, dias passam, as horas voam e as estações se modificam, mas as lembranças permanecem vivas. O Tempo do humano ao divino do finito ao infinito, simplesmente eterno representado pela vida que passa, deixando a saudade que permanece em ti.
O tempo deixa o rastro do passado, mas nele a permanência da essência que com meus olhos se fechados ainda sinto o suave e delicado toque de suas mãos deslizando em meu corpo. No espaço vazio ainda ouço os sussurros projetados por sua voz, as melodias tocadas expressam a delicadeza de tua alma que ainda se move em um balanço compassado ao meu lado.
O tempo passa, levando com ele o Passado, mas deixa no Presente o sentimento do que possível viver. Deixa no Agora o resultado das nossas escolhas que em instantes se dissolvem pelo Passado.
O tempo dissolve os segundos, as horas, mas traz consigo o Futuro que por mais colorido venhamos a desejar é uma pagina em branco ainda por criar, ou seja, não é nada, apenas vazio recheado de esperança, de sonhos e desejos.
O tempo passa, carregando consigo um pouco de nossa utopia, alguns pedaços de nossa história vivida ou que acabamos de inventar ou quiçá um dia novamente venhamos a sonhar. Não importa o tempo! Passado, Presente ou Futuro meu amor por você é e sempre será Eterno.
O sol novamente se despede e anuncia que mais um dia se finda, com ele, as lembranças são levadas a Lua lentamente anuncia a chegada da noite e com ela a magia das sensações de outrora vividas. É o momento de fechar os olhos inspirar, expirar e deixar a mente se esvaziar do turbilhão de pensamentos criados pelo dia vivido.
É o momento de viajar para um Mundo onde o tempo para, os instantes são eternos, ali construímos castelos mágicos, repletos de Luz, firmados pela Vida e pintados com o Amor, ali nossas almas se encontram e se entregam um ao outro.
Neste Mundo nossas palavras são vestidas pelo silêncio de nossos olhares, onde contemplamo-nos como se nos víssemos pela primeira vez, caricias são trocadas, toques são sentidos. É um instante sagrado resignados ao momento da magia em que nossos corpos se transformam em um só.
Aqui dentro sinto o arrepio do teu corpo no instante em que me deixa o sabor da tua pele na minha boca, o perfume de teus cabelos na minha mente, além da essência da tua alma em meu peito.
Neste Mundo escondido pela eternidade sem tempo, te descubro a cada dia de forma diferente, toco tua alma e teu corpo que por vezes adormece junto ao meu. Aqui trago sonhos e em cada sonho teu sabor, aqui sei que sou um pedaço de você.
Neste Mundo de magia e de castelos encantados, somos o amor perfeito, a paixão, o sentimento, o movimento e atração. Aqui tudo que te escrevo, imagino ou desejo não é segredo e nem imaginação. Aqui tudo criei para você.
O dia se finda, no horizonte o Sol anuncia seu descanso, o céu em suaves e intensos tons de laranja se transforma, seu brilho ofusca meus olhos que se fecham com um suave sopro do vento me envolve e por instantes apenas me deixo levar pelo momento a meditar. Inspiro e me transporto em busca do vazio, os sons se distanciam o corpo suavemente adormece, as dimensões se dissipam o Tempo para.
Aqui permaneço no silêncio do espaço, contemplando o brilho das estrelas, e recordando as sensações um dia vividas com você! Ainda sinto o gosto doce de teus lábios, ainda sinto o perfume suave de tua pele, ainda ouço os sussurros de teus gemidos, ainda sinto tuas mãos me tocando, ainda sinto teu corpo, junto ao meu, ainda sinto teus afagos em meus cabelos, ainda sinto tua alma.
Aqui permaneço no meu silêncio com as lembranças fragmentadas que permanecem em minha mente, são as lembranças vividas e nunca esquecidas, são os sentimentos, os desejos, as fantasias e os sonhos. São os momentos de entrega que mesmo pequenos, foram intensos, desejados, delicados e suaves.
Aqui permaneço no silêncio do espaço, em companhia das estrelas, sob o brilho do Luar, o dia se foi e a noite chegou, com ela nossos mundos se transformam em sonhos e estes em magia onde o amor não é mais que querer dar-se e a fantasia de viver a realidade.
Música suave, o incenso desprende a essência de harmonia e paz, silêncio é a composição invadida pelo momento de introspecção vivido e sentido. Inspiro e me desprendo de mim em busca do espaço, sinto o ar gelado em minha pele, o vento bate em meu rosto e transcendo em pleno vazio. Pairo no ar em busca, de tua presença, flutuo no espaço provando a lei da gravidade, com um impulso parto em rumo às estrelas que brilham em meio à escuridão.
Aqui permaneço em silêncio, a vibração da música envolve o espaço, nem tudo é percebido, mas tudo pode ser sentido, as energias que fluem ao meu redor o frio se foi, uma sensação de conforto me envolve o corpo, sinto uma fragrância em minha volta. Abro meus olhos que ofuscados ficam com o brilho que se irradia a minha frente. Levemente a claridade se dissipa suavemente e em meio a tantas estrelas vejo seu sorriso estampado em tua face, com um olhar terno e repleto de saudade.
Estendo minhas mãos em tua direção que são ocupadas pelas suas, olhares são trocados, sorrisos expostos, nem uma palavra é dita, os pensamentos e desejos vagam pelo vazio o prenuncio de um beijo explora o momento marcado pela alegria de te ver.
Sinto teus lábios de encontro ao meu, um calor imenso me invade, quando tua língua se encontra a minha, tua aura me envolve, meus braços te trazem em minha direção, com as mãos tateio teu corpo, te tiro para dançar aos sons vibrados pelo Universo. Em uma conjuntura de movimentos nossos corpos se encaixam, ali permanecemos despertos, sem dizer uma palavra, apenas olhares.
Nossa dança termina, em busca da Terra partimos o vento que nos toca a pele agora é suave, a imensidão antes ocupada pela noite e pelo brilho das estrelas, agora se revela de tons coloridos e suaves. Teu perfume permanece em minha pele, teu gosto em meus lábios, teus movimentos reverberam em meu corpo. Um novo dia se anuncia e tua presença se vai, levando consigo as sensações vividas e contempladas, deixando o silêncio e o desejo do teu querer.
Lá fora a chuva cai, a temperatura baixa anunciando a presença do inverno, mesmo com os estalidos das gotas que caem sobre o telhado, sinto no silêncio que me absorve a tua presença, sutilmente uma essência invade meu quarto, me mantenho em silêncio como a espera de algo por acontecer, logo sinto o gosto suave e doce dos teus lábios que tocam os meus, tua língua molhada se mistura a minha, nossas sensações se despertam e o prazer toma conta do momento tão esperado.
Tuas mãos se entrelaçam as minhas, nossos corpos se envolvem, tua pele me toca e em cada instante um novo arrepio toma conta, no mover de teus lábios, sinto o perfume suave teus cabelos, ainda descubro na intensidade molhada da sua boca, todo desejo que te envolve. Sussurros leves e sutis, se espalham no espaço entre minha boca e teus ouvidos, posso sentir o roçar de teu corpo em torno do meu, meus braços te envolvem, tua pele se aquece a minha, nossa respiração se sincroniza, os movimentos de minhas mãos exploram tuas curvas e cada pedaço do teu corpo, o prazer se expressa entre arrepios e gemidos.
Em cada movimento sinto teu gosto, provo teu sabor. Por instantes a saudade deixa de existir, pelo presente vivo o momento, o instante que tua presença me permite, aqui neste espaço, neste Universo, nossos mundos se encontram, mesmo que em sonhos e lembranças por vivenciar.
Meus pensamentos que até então em silêncio permanciam, voltam ao turbilhão da vida. Lá fora a chuva permanece a cair, mas aqui dentro o tempo para, assim vivenciamos os instantes mágicos movidos pelo étereo da sua e minha energia, nossas vidas giram e vibram em um mesmo sentido em uma mesma frequência.
Lá fora a chuva cai, aqui dentro o silêncio se transforma em amor, em desejo e se transfoma em você.
Em meu espaço esmiúço o tempo em busca do silêncio, entre o ir e vir de meus pensamentos dissolvo os “insights” momentâneos das lembranças que me trazem você mais perto de mim. Inundo-me em momentos de saudades que tomam conta da vida.
Trago em minhas mãos as lembranças da tua pele, em minha boca teu sabor, em meus olhos o brilho de tua aura que me envolvia, no ar ainda existe o perfume de tua essência, desprendida por sua pele. Não me esqueço de teu corpo, de tuas curvas que por vezes expressavam no arrepio de teu desejo.
Trago as lembranças que o tempo não dissolve, apenas acentua a cada prenúncio de dia que amanhece ou se destaca, na noite que chega em meio ao brilho das estrelas, onde alcanço tua alma junto a minha. E ali teu corpo me alimenta com a suavidade de teus beijos, com o brilho de teus olhos e com o perfume de teus cabelos.
Assim minhas lembranças viajam ao teu encontro, levam minhas palavras ao longe, levam minhas letras ao distante e ali sei que de alguma forma me esperas para contemplar os momentos de meus sentimentos, que em meio ao tempo permanecem em você!
Em meio as paginas escritas, me encontro pensando nas lembranças que deixei, meus caminhos, os passos percorridos e por instante paro em um espaço em branco com algo a ser escrito, uma história a ser vivida, um momento a ser contado. Sentado em meu espaço permaneço no silêncio da Vida, na esperança de algo novo surgir. Conduzo meus passos em direção a sua vida e assim uma vez mais te escrevo mesmo sem saber se lês minhas linhas, obtenho o momento doce das lembranças que um dia deixei.
Folheio as paginas de minha vida em busca das histórias que vivi e dos momentos que te beijei, da sensação de tuas mãos percorrendo meu corpo, tirando arrepios desconexos de minha pele e gemidos de tua boca. Ainda sinto tua essência percorrendo meu espaço, sinto teu perfume envolvendo meu mundo e transformando minhas lembranças.
Sinto o balanço de teu corpo, sinto o sopro do vento em teus cabelos, sinto o perfume de sua pele, sinto tua suavidade como se isso fizesse parte de mim, sinto teus movimentos, enfim sinto você, mesmo distante, te sinto perto.
De noite sopro na Lua meus sonhos em direção aos teus para que entre o brilho das estrelas eles se encontrem, ali te encontro, sinto teus passos em direção ao meu encontro, meus braços se estendem em direção aos teus e com a suavidade dos dedos percorro tua pele e beijo teus lábios. Nossos momentos se passam, é hora de nos separarmos, na esperança de uma nova noite, um novo sonho e quiça um dia possamos realmente a viver o que já foi vivido, o que já foi lembrado, o que já foi sonhado, o que já foi sentido. Te amo.
Alço vôo pelas nuvens em destino ao vazio, em meio ao frio do vento que corta minha minhas asas, sinto o suave perfume do teu corpo, pairo no ar e do alto visualizo o caminho desenhado por tua alma. Paro no tempo e te observo caminhando como se flutuasse sobre o campo. Do alto vejo tuas curvas delicadas e desenhadas com o talento do Criador. Sobre o espaço permaneço sobre as nuvens eu me sento e inspiro o perfume de tua essência que invade minha alma e devora as lembranças trazidas por teus doces beijos.
Aqui o silêncio ocupa o espaço, teu cheiro me trás teu sabor, a suavidade de tua pele e o gosto doce de teus lábios, ainda sinto em minhas mãos tuas cada linha do corpo, ainda sinto o cheiro teu desejo, mas mesmo em meio ao silêncio que toma conta do espaço, minhas palavras se perdem juntamente com meus pensamentos envolvidos pela saudade. Sopro então palavras ao vento para que as correntes de ar leve meus sentimentos ao teu encontro.
Em meio a este silêncio, mergulho em direção a tua alma, suavemente me aproximo para que me sintas, vejo teu sorriso e um brilho intenso em olhar, me estendes a mão e com meus braços te envolvo, tomo tua boca a minha, sinto o calor de teu corpo e o arrepio de tua pele e em pleno silêncio minhas asas se envolvem as tuas e assim nos amamos.
Hoje te vi e pelo que percebi você não me viu, em teus olhos percebi o quão distante estavas e ali por instantes o tempo parou, fechei meus olhos e busquei tua alma junto a mim. Senti teu perfume trazido pela brisa que agitava teus cabelos, percebi que sorriste, pois sentiu minha presença ao me aproximar de tua alma. Toquei em teus ombros suavemente e murmurei palavras perdidas em teus ouvidos.
O tempo parou e por instantes teu sorriso demonstrou a saudade, demonstrou a distância que nos afasta pelos reflexos do passado, mas presente no momento já vivido pelo coração, saudade que eterniza por instantes pelo suspiro sussurrado e a esperança de um breve futuro.
Em letras jogadas ao vento que sopro em seu corpo a poesia que ainda não escrevi, mas que senti no momento em que o tempo parou. Em meio à turbulência da vida, segue teu caminho sem ao menos olhar para trás, mas com a certeza o que sentiu não era sonho, mas o encontro de nossas almas.
Hoje em meio a chuva que caia, fechei meus olhos em busca do infinito, desdobrei minha mente em busca do vazio, em minutos voltei a viajar como a muito tempo não mais o fazia. Em instantes sinto tua presença em minha volta, sinto que o tempo para e o instante se transforma.
A transformação ocorre no momento em que toco tua alma, sinto o calor tua pele e nela teu arrepio. No ar uma música envolve nossos sentidos, em um doce balanço te tomo em minhas mãos, sinto teu corpo roçar junto ao meu, provo teu hálito, como fosse o ar que respiro, neste instante, sou luz que irradia sobre tua alma, sou um pedaço da tua vida, sou o corpo te pertence.
Minhas palavras viajam pelo tempo levando meu sentimento, talvez versos sejam esquecidos, mas as recordações estão guardadas e marcadas no corpo que te envolveu e prazer te fez sentir. Neste instante de magia, minhas mãos se perdem em tua pele suave e perfumada. Percorro com meus dedos os teus lábios, com os olhos refletimos nossa saudade.
Perco-me em palavras em busca de definir o sentimento deste momento, em meio às estrelas bailamos neste mundo secreto e percebo que com os olhos fechados escrevo, imagino e desejo, que com meus olhos fechados te digo aquilo que ainda não criei e sei que você é a minha inspiração, que com você invento cada traço que escrevo, que você é a mulher, é o perfume, é a essência de minha própria existência que me transforma.
Em meio ao brilho das estrelas te guio, estendendo minha mão em tua direção, aqui nos transportamos no tempo, aqui é onde tudo acontece, aqui recordamos os momentos vividos.
Aqui a saudade é presente e não a ausência do que já passou. Aqui a tristeza se transforma em um sorriso que de alguma forma contagia quem se aproxima. Aqui o céu tem a cor do eterno pôr-do-sol, azul se estende pela imensidão do mar.
Aqui o vento sopra com a suavidade das carícias e a vida gira em torno dos nossos sonhos. Para muitos, este lugar não existe, pois sei que eu o inventei, que com minhas próprias mãos o desenhei e com minhas letras o pintei.
Aqui te empresto minhas asas, e te convido para entrar em meu Universo, te desenho borboletas, nas cores vivas de um arco-íris, aqui faço surgir no astro, às cores que uso para te reescrever minhas poesias. Aqui sei que flores brotam como se fosse primavera, aqui teu perfume invade com essências suaves que lembram sabores exóticos, de alecrim e açafrão, pimenta e canela.
Aqui existe uma cascata que se despenca do alto da montanha como se fosse suicidar-se lá em baixo, mas um calmo lago a espera de braços abertos para amenizar sua queda. Aqui trago os sabores e os gostos de meus sonhos com você! Aqui minha dimensão me transforma em um viajante, que navega ao doce sopro do vento, aqui com de meus dedos te desenho, aqui sinto tuas curvas, a suavidade de tua pele e não me canso de delinear teu corpo, como se quisesse atingir a perfeição, ou, talvez seja apenas o desejo de poder te sentir o toque da pele.
Aqui a realidade se transmuta, o dia se tranforma, aqui tudo passa, aqui você ve o meu Universo através dos meus olhos.
Esta noite senti meu corpo se desdobrar, lentamente me dissolvi, alcei voo em direção as estrelas, em meio ao horizonte de espaços perdidos, senti o reflexo da lua em minhas asas. Em meio a um profundo silêncio que envolvia a madrugada, ouvi teu chamado, senti tua presença e segui em tua direção.
Por entre sonhos e desejos perdidos, nos embalamos na brisa suave da madrugada, tua essência toma conta do espaço até então desconhecido, me envolvo em teu perfume e suavemente toco tua pele com a ponta de meus dedos, sinto teu corpo se estremecer, se arrepiar, de olhos fechados sigo em direção a tua boca, teu gosto se mistura ao meu. O tempo para por alguns instantes, o suficiente para que as palavras fiquem no silêncio dos dedos que agora registram nosso encontro.
Em meio ao sonho e a realidade que vivemos entendo a dimesão de nossos sentimentos, entendo que mesmo distantes sinto teus passos e teus pensamentos que pairam sobre os meus. Tudo que vivemos nos torna especiais, mesmos sendo mortais vivemos o encontro do passado.
O tempo volta, os primeiros raios de sol anunciam o final da madrugada, regressamos lentamente aos nossos corpos, ainda permanece no ar a sutil energia que nos envolve. Guardamos em nossos olhares a esperança que voltaremos a nos encontrar, para um novo abraço, um novo beijo e novamente a sentir o sabor de nossos corpos que o tempo não apaga. Acordei ainda te sinto...
Estas viagens entre mundos deixam a minha mente exausta e quero apenas ficar aqui, onde esta água me completa, me recorda os primórdios do meu tempo. Aqui mergulho o corpo na água tépida deste mar interior. Adormeço sobre a tranquilidade que me inunda. Não sei mais quanto tempo fico aqui, já não regresso dos sonhos, deixando de parte toda a realidade. Não sei já o que sentir, como perceber os caminhos a trilhar.
Me afogo neste oceano que a cada intante me leva, me abraça como mortalha liquida. Sinto saudades, e espero que ao me afundar neste imenso azul, eu alcance as profundezas do teu corpo como outrora, num suspiro suspenso em meus lábios. Te beijo a boca que não se fecha neste abraço, e deixo de respirar como se sufocasse cada sentido em direção ao teu ventre.
Sei que não está aí, sei que partiu para qualquer outro lugar, mas de qualquer forma me deixo ficar. Perco a noção do espaço, do tempo, e a realidade faz-se agora de visões de outros mundos que desfilam como se voasse em direção a lugar nenhum, escuto a voz que me chama, mas não sinto o apelo da tua pele que se entranha em meu corpo vazio.
Percebo que não contenho a tua essência, mas que tu levaste toda a minha magia contigo, sorveste cada pingo da minha existência, deixando meu cadáver vivo para definhar nos anais do tempo. Sou a prova de que a vida continua mesmo depois da alma partir, e você o Sol que marca a linha do horizonte quando o dia adormece e a noite vem para me trazer a minha própria solidão.
Acordo com seus raios de Sol que suavemente abrem os poros dos meus sentidos. As mãos se elevam e de repente estou desperto. Olho em redor tentando perceber onde estou. Não sei como cheguei até aqui, não sei onde estou, mas sinto uma forte presença de sua alma.
Me levanto e caminho até uma porta. Lá fora a luz me ofusca, preciso de um instante para me habituar a tanta claridade. E sentada sobre a areia da praia, ali você está, contemplando este mar azul que se estende até ao infinito, os teus cabelos esvoaçam ao vento, como fitas finas de cetim.
Percebo o contorno delicado do teu corpo que despido se expõe ao calor da manhã. Teus pés banham-se na água das ondas que os vêm te beijar com a suavidade deste dia. Sento-me no alpendre em silêncio, apenas sentindo a brisa que trás até mim o teu perfume e um arrepio me envolve com tua essência.
Mas agora estou aqui, sentado, te contemplando, olhando ter corpo se enrolar no mar enquanto mergulha. Sabe que aqui estou, sem me ter olhado. Como uma sereia se entrega ao mar para este te embalar.
Como barco desgovernado, sigo o curso deste rio que é teu corpo, sigo a corrente que se agita e me leva numa viagem plena de sentidos por todo esse mar. Te sigo onde quer que vá, como vagabundo perdido em ti. Sobre a areia dessa praia secreta, enseada escondida onde te entrega a mim, te envolvo em meus braços, embalo teu corpo despido, como escultura de areia macia que em minha pele adormece.
Da música retiro os sons que adormecem tua alma, dos livros as letras com que te escrevo, como poema inacabado, que a cada dia te entrego, como lágrima derramada na face seca e envelhecida.
Saudade ou simplesmente cansaço pela espera que em ondas me alterne, como este oceano que em mim se agita, em marés que me levam e me trazem como despojo de naufrágio em praia perdida. E no silêncio que me corpo encerra, guardo os segredos do teu, momentos em que os dedos resvalaram por tua pele, como gotas de maresia que agora em mim se depositam.
O tempo segue em direção a lado nenhum, e aqui ficam as letras que registram as lembranças, recordações de instantes por viver que tão reais em nós se fizeram que sentimos tê-los já vivido.
A Lua permanece fechada nesta noite. O seu brilho mágico, mas acanhado extasia o meu olhar. Regresso ao instante da criação, momento de pura e simples magia. Descubro na ponta dos dedos a capacidade de te criar com as minhas mãos. No ar desenho traços soltos que se vestem com os contornos do teu corpo. Com o calor do fogo esculpo lentamente um corpo feito do nada como se soubesse as formas e as cores e percebesse os teus sentimentos. O espaço que ganha forma entre meus braços, naquele terno abraço.
Na boca coloco um sorriso e dos lábios desprendo letras que não digo, as escrevo como se quisesse que me escutasse. Sei que a brisa imensa deste oceano acabará por transportar os sentidos, e, num banho de mar, sentirás na tua pele o desflorar do meu corpo em teu âmago. Sei que, onde quer que me escute, sentirás o suave silêncio da minha voz, que te canta, na melodia desta noite, as canções que nunca escrevi.
Os teus sentidos acordar-te-ão para um novo amanhecer e será luz, que num novo dia se fará de brilho ofuscante, serás Sol o que nasce pela manhã, e eu, serei apenas o reflexo do teu brilho, que noite após noite te recorda que amanhã haverá mais um dia, porque o teu Sol, continua a brilhar, mesmo quando o não vê.
Através de sonhos crio palácios encantados, nas pontas de meus dedos, desenho teu corpo, faço teus traços e te dou vida, neste lugar que criei você é rainha de um reino perdido nos tempos, lugar de deuses e magia. Teu olhar como um raio ofusca minha vista, minha alma perturba se perturba. Teu corpo, teu perfume, me transforma. Tua voz, timbre adocicado que em minha mente ecoa como cântico suave de sereia.
Em uma noite quente de verão, você invade o meu quarto e me oferece o corpo e eu te peço com ele a alma. Ama-me na penumbra desta noite, e me deixa ficar com o sabor da tua pele na minha boca, com o perfume de teus cabelos na minha mente, com a essência da tua alma em meu peito.
Em mim ficamos os dois, em nós reside um corpo só, no vazio imenso de um mundo antigo, empoeirado e triste. O peito rebenta de prazer, e as essências espalham-se por todo o meu ser. Em mim habita, numa eternidade sem tempo, num lugar escondido, dentro da minha alma.
Perdem-se os corpos, mas a alma sobrevive aos tempos, viajando de corpo em corpo até este momento.
Será eternamente a rainha do Sol, e eu a sombra da Lua que te persegue.
Aqui neste lugar onde a Lua brilha, deixo partir meus sentidos, deixo a alma seguir e abandonar meu corpo, como se despisse de mim. Os pensamentos assolam a carne que frágilmente se cede e cai no chão úmido, em um segundo a força dos sentidos reboca a alma para o infinito. Aqui neste mundo das sombras, sou uma pequena luz, estrela solitária em pleno firmamento, centelha que brilha na escuridão da noite, como faísca que serve de ignição para uma explosão de magia.
De meus dedos imaginários nasce uma bola de fogo azul, como se a água subitamente queimasse a pele, um pequeno globo de mar a fervilhar, te solto como a água que se precipita em uma cachoeira, e flui por todo o meu ser me diluindo em ti. Invade-me com o teu mar azul, fogo ardente em tons de gelo eterno, que sustenta e anima o meu ser, perfumando o ar escuro desta eterna noite onde a lua brilha, me faz lembrar dos dias em que não te tive. É o elixir da vida, gota mágica que me reanima, me fortalece e sustenta, em um ciclo mágico que nos mantém juntos desde os princípios dos tempos.
O corpo não resistiu às emoções, ao tempo, e, colapsou, caindo sobre os joelhos, num grito agonizante que marcou o seu fim. Mas, a alma, se soltou em um salto gigante, agarrando-se a você, e se elevando nas asas do teu espírito para atingir o céu da nossa própria eternidade.
Aqui neste lugar a Lua brilha, a calma paira por este Universo. Regresso ao meu silêncio para de longe fechar meus olhos e pemanecer abraçado a ti.
Deixo aqui meu corpo, entregue aos prazeres da carne, sigo rumo ao espaço em busca do infinito, abrindo as asas, estirando meus braços. Mergulho neste voo, percorrendo as paredes íngremes do abismo, roço minha penas em arestas afiadas, desbravo caminhos ocultos. Abraço as palavras que recebo em mim tua alma, como novo reencontro, caminho tantas vezes seguido, de regresso ao espírito, à essência, à pureza dos sentidos.
Bebi do teu corpo, provei no teu cálice o néctar, momento em que me fiz homem, em que senti na pele o traço de teus dedos. Mas a alma voa mais alto, não se pode confinar ao corpo ou se tornaria mortal. No cume deste penhasco, onde a Terra toca os Céus, deixo um pedaço do homem, corpo despido de alma que entrego à terra, para voar mais alto, ser mais leve e tocar a eternidade.
Comigo levo um pedaço de voce, levo comigo teu perfume, levo comigo tua verdadeira essência que tua alma guarda em lugar secreto que apenas as plumas de minhas asas conseguem tocar. Sinto no ar, cada momento, guardo no olhar cada instante, em que por momentos se fez realidade. Homem e Mulher se fundiram num único corpo, que guardará para sempre um sinal dessa fusão.
Nesta Noite, regresso à magia dos tempo, lugar onde habito, onde sou apenas uma luz, que na noite escura brilha, como centelha de esperança.
Se esconde, por detrás desse olhar, envolto numa névoa de mistérios. Me oferece o corpo, como se apenas ele me saciasse. Te peço a alma, que insiste em ocultar detrás do teu peito desnudo.
Se esconde, te cobre com o véu da sedução, deixando transparecer o interior fechado numa barreira de cristal que me permite apenas contemplar o brilho que irradia do centro do teu mundo.
Te descubro, em cada troca de olhar, nos sentidos que reprimes e não quer mostrar. No momento em que a minha alma trespassa o teu corpo como um sabre que não fere.
Te descubro, em cada rosto de mulher, em cada palavra que não pronuncio, em cada instante que não vivo. A cada passo, sinto teu perfume, encontro o toque da tua pele na seda que me acaricia.
Te aguardo, gosto de te ver chegar, quando o dia cede sobre a noite que de mansinho o adormece. Caminhas com a suavidade da brisa da tarde, com a levesa duma pluma.
No ar teucorpo flutua, se move emritmoslentos, ao som da música você da dança. Na escuridão da noite o céu revela o brilho das estrelas e ali te aconchega a alma. Te estendo a mão, te ofereço o meucorpocomosuporte do teu, meuombropararepousares tua cabeça, e dançamos. A música não existe, mas seguimos o ritmo da vida. Nossos corpos colados acompanham-se empassoscalmos, em uma troca silenciosa, de olhares e sentimentos.
Te conheço, ouço teuspensamentos, sei entendernosteusgestos e o próximopasso, sei perceber num olhar a fraseque se segue. Há muitoquete sei, há séculosquete ouço, há uma eternidadequete sinto. Fala, semnadadizer, porquenadaprecisa de serdito, apenas, sentido.
Maisumpasso, uma nota perdida nesta músicainaudível, bailadoperfeito, corposemmovimento. Você ouve os meuslamentos, quecom o vento afagam teuscabelos, escutaporque ouvindo tambémte liberta desse peso, da mágoaimensaque carrega no peito. Sabe me ouvir comoninguém, me conheces porqueme encontra emvárioshomens, porque sabes da minhaexistência deste o princípios dos tempos.O tempo passa o sentimento permanece...
Hoje sou apenas e só energia. Neste instante de desprendimento, sou outra vez essência, pura e simples, sem qualquer tipo de tempo, contra-tempo ou condicionante. O corpo, tantas vezes sujeito ao espaço, à sua própria dimensão, limitado nos movimentos, espartilhado nos compromissos, deixa-se sufocar, morrer na perpétua corrida por conseguir o equilibrio que apenas o espírito consegue alcançar.
Não adianta dizer que se é capaz, não adianta tudo tentar fazer para lá chegar, não há como não possuir ou ser possuído, como não condicionar ou ser condicionado, enfim esta dimensão é a dona do espaço e, o tempo aqui limita-se a horas, minutos e segundos que decorrem de dias semanas e meses. Por mais que queira não sou capaz de me fazer transportar por inteiro, tenho sempre ficar, para trás, neste tempo, seguindo de mim apenas a luz, energia que meu espírito ilumina e se transfere de corpo em corpo até à eternidade.
Se me perguntar se gosto de ser como sou, te direi que não, mas, aqui e agora, não posso, não devo, ser de outra forma, estou agarrado à Terra, e a sua gravidade me esmaga as asas, me impedindo de voar. Mas, sei fazê-lo, já te mostrei como o faço, e sempre que a realidade perde velocidade, consigo me libertar e divagar pelo espaço e pelo tempo ao encontro do teu sentido, da tua energia da tua essência que flui em minha direção.
Recebo o teu espírito em meu corpo, como benção divina que desce sobre mim. Ilumina-se a noite em devaneios de doce loucura. Exalo o perfume do teu beijo e liberto as fragrâncias do teu corpo. Fecho os olhos privando os sentidos, agito os braços em perpétuos movimentos. Sinto o frenesi da alma que em mares torbulentos se agita.
É o extase da magia que invade o meu espaço, recordações de instantes, momentos de prazer que gritam.Depois vem o silêncio, a calma e o aconchego, o corpo recolhe-se para se sentir mais próximo da sua própria aura. Não há nada em seu redor, paira simplesmente no vazio, como se fosse floco de neve, frio.
Fico na suspensão desta insustentável leveza, sabendo de que de um segundo a outro a gravidade me fará cair em abismos de realidades, puxando-me para outra dimensão. Silêncio, não se escuta nada durante a inércia deste segundo.Depois desço em espiral, escuto os gritos das pessoas nas ruas, os ruídos dos carros que se amontoam em filas intermináveis, vejo o Sol que queima o olhar, acabado de acordar. Sinto a náusea de tamanho despertar, sobressaltado, agitado, arrancado ao segundo anterior pelas próximas horas de vida intensa e cheia de perplexidades.
Descubro-me no meio da rua, envolto na multidão que em vagas se agita e me leva de um lado a outro neste oceano chamado quotidiano.
Não sei onde encontro o silêncio que minha alma precisa, escuto gritos e ruídos por todo o lado, a multidão agita-se em redor, enlouqueço neste pranto, murmúrio de milhões de almas em sobressalto. Onde estás que não te vejo, não te sinto não te escudo. Não sei diferenciar tua voz no meio desta amalgama de gente que se contorce em dores, no meio deste fogo que queima a pele, me perdi de você neste sofrimento.
Preciso do teu silêncio, da noite tranquila, da calma da brisa que teu vento me aportava. Não sei porque fiquei sozinho, aqui entre toda esta gente, não sei porque me sinto perdido aqui no meio deste imenso nada. Onde está o meu Universo, dimensão calma que me agasalha, abraço terno e seguro, beijo longo e duradouro que sempre me fizeste chegar nas calmas manhãs de Primavera. Porque não acaba este frio que me gela a alma, este Inverno que me lembra outro inferno, porque não pára esta tempestade de zumbir em meus ouvidos.
Silêncio, suave e profundo, que embala a alma num sonho tranquilo, noite de paz, harmonia e ternura como berço que minha mão empurra. Beleza pura que meus olhos cerrado descortinam no negro desta noite, que em sono pesado, descobre na estrela mais próxima como luz que brilha firme e segura, no final deste longo e escuro túnel.
E chega essa paz, que com água aquecida escorre pelo corpo todo, deixando a alma tendida em cama suave, e consigo assim vê-la adormecida, no mesmo lugar onde sempre a encontrei.
No silêncio da minha alma que escuto os murmúrios suaves da tua voz, compasso e ritmo lento, envolvendo, fazendo-me sentir o prazer doce da tua boca. É nesta madrugada feita de ausências, enquanto dormes, que me corpo se acorda para te olhar.
É nesta distância que percorres que sinto em teu esvoaçar a ternura dos teus lábios quando me vens beijar.Durante a manhã, que reparo nas nuvens do pensamento, recolho na pele a maresia deste momento, instante em que teu corpo disperso toca o meu, em que tua pele difusa se agarra à minha como orvalho derramado sobre as pétalas duma rosa. É neste Sol que não brilha, mas acalenta, nesta Lua que não aclara a noite, mas se faz de prata no teu olhar, que me deixo ficar.
É por todos estes instantes, prazer roubado ao tempo, ao corpo e ao espaço, que me deleito em alimentar a alma de letras, traços e figuras que te fazem tão real, como a própria chuva, que lá fora cai sobre os campos verdes deste pequeno Universo. É por saber que estás aí, em cada dia que nasce, em cada entardecer que morre entre horizontes, que me deixo ficar aqui, sentado nesta varanda vazia a olhar para esta noite que se aproxima.
Você é o sabor de canela que em meus lábios se derrama, o suave suspiro que preenche a minha cama. Você é a tarde de chuva em dia de Inverno, meu corpo que te entrego como fogo que arde na esperança que se perde no tempo.
É este momento, e teu olhar esconde tudo aquilo que me queres dizer, neste silêncio que a boca cala, mas o corpo em êxtase revela. É prazer em plena conversa, copo de champanhe que se derrama em teu corpo por mim aberto. Pedaço de chocolate amargo e doce que em teu ventre derreto.
É passeio em pleno lago, lágrima suspensa no momento da despedida, instante de prazer sublime que aos olhos da minha noite te ilumina. É loucura a que me prendo, lugar ausente no tempo, onde me escondo para não me encontrar. Segundo apertado e terno que em tua voz adormeço como criança em berço de embalar.
É o momento, aquele singular detalhe que ninguém em ti percebe, mas que meu olhar faz agitar, é o próprio silêncio que me acompanha enquanto escrevo, me leva daqui para outro lugar, és tanta coisa e simultâneamente nada, fada, duende encantada, que fugiu de uma história de crianças para se vestir por segundos de realidade.
Um pássaro cruza o céu, planando leve, sobre o beijo, sobre o corpo, paisagem suave de colinas douradas. Lugar perdido onde me acho, momento em que te despes num mar imenso de prazer. O dia não passa de um raio de luz que revela a escuridão, a noite, um instante em que seguro o tempo nas pontas de dedos imaginados sobre tua pele.
Sou leve, como este beijo, como este anjo triste que em vocêhabita, lugar comum onde nos encontramos, amor em que nos preenchemos, palavras que em nossas bocas caladas se silenciam, letras brancas que escutam o lamento, o gemido e o prazer que nos damos. Nesta noite em que os braços se alongam para lá da eternidade, estou sozinho, dentro do meu corpo, tua alma me visita como lembrança distante de tempos imemoráveis.
Sou água, que teu corpo absorve, me preencho de você, da tua essência terna e pura, me alimento da tua energia que me aquece o corpo, me ilumina a mente e me dá de beber à alma. Entrego-me e em teu âmago deixo-me ficar, para sempre, em você repousar, como semente que espera o estio passar, para em teu mar me afogar, crescer e abraçar-te.
Sinto ainda os detalhes de um corpo que desliza por entre as pontas dos dedos, um instante de prazer que em teu ventre se perde, num toque suave entre as peles de corpos diversos. Percebo ainda os teus olhos cerrados em busca da luz que do fundo do túnel se eleva, como raio cósmico em direção ao fundo da tua alma. Sinto ainda o tremor suave de um corpo que estranhamente recebe o meu.
Escuto ainda os gemidos dos sentidos, quando me adentro em ti, o calor com que me abraça o prazer que me fazes sentir. Olho ainda cada ângulo de ti, como se fosse efetivamente um último instante, antes mesmo de voltar a ver o brilho do teu olhar num amanhecer do teu rosto na outra face da Terra. Pressinto agora o prazer com que me recebes em cada lugar, como se fosse o derradeiro encontro, porque depois virá outro dia e nada está definido à partida, e a chegada não se sabe se ocorrerá nesta vida.
Na ânsia de não me perder nos meandros do prazer sem ter preenchido cada pedaço de ti, entro nas tensas vagas deste corpo que não controla todo o Universo, apenas e só pequenos arrepios do prazer que me provocas. E tão inocente me deixo levar, sem saber onde parar, como e onde estar, em ti, contigo, aqui.
E mais uma noite me trás as palavras que te escrevo enlevo destes sonhos que te acordo, sem saber até que ponto posso e devo te tomar como minha, mas sigo, num caminho não demarcado, à beira de todos os precipícios sem saber onde vou chegar, sabendo apenas que em ti vou estar, permanecer, ficar.
Te escrevo ao som do corpo que geme, que grita teu nome em prantos suaves de um carmim intenso. Te escrevo neste livro branco cheio de folhas vazias, como se desenhasse teu corpo em devaneios as minhas loucuras. Nesta carta expresso a você o meu amor, o ardor intenso que meu corpo em chama projeta no astro. Me sinto Iluminado por mil sois, estrelas cadentes, fulgentes que em minha alma se acendem.
Abro o meu peito, feito de magia, enfeitado de letras e frase em que a loucura me banha o limiar dos sentidos, como se quisesse aqui prender-te toda a noite, na magia e no encanto desta frase que lês, re-lês e escutas como ecos distantes da minha própria voz. Escolho os sons que gostas de ouvir, momentos intensos em que te consigo despir, apenas e só com o pensamento, com um suave tormento, arrepio intenso da tua pele desnuda que em meu texto transparente se deita e se entrega no êxtase do nosso amor.
Te escrevo esta carta com o amor que nos temos, com a vontade que a vida nos nega, mas que os sonhos permeia. Sentimo-nos nestes momentos, em que as folhas escritas por nós nos chegam, aconchegam o peito, e exaltam os corpos em paixões assoberbadas, noites caladas no silêncio dos gemidos, sentidos abertos, corpos perdidos. Entro em ti, como se trespassasse o tempo, te penetro o corpo, e me sente dentro de você, como se fosse exatamente como te escrevo, com a intensidade de um verso, com a força de um parágrafo inteiro que te acaricia os seios e te transtorna a líbido em ondas de um prazer absoluto.
Esta é a carta que te deixo, escrita em todos os tempos, numa linguagem ancestral que todos entendemos. O envelope onde te envio é a música que teus sentidos escutam, e ainda a noite vai alta quando me sente chegar, para te abraçar com se fosse um livro onde te fecho dentro.
Há no tempo um lugar, um momento, um instante, um sinal de silêncio que invade os corpos e os despoja de roupas, de sentidos e de medos. Há no tempo um momento, um instante em que somos tudo aquilo que gostaríamos de ser, sem resquícios de tristezas, euforias ou desejos. Há neste tempo um instante em que paramos para olhar para trás, como se a saudade fosse já uma constante antes mesmo de partirmos.
Hoje, neste lugar feito de tempo, deixo os passos partir rumo ao futuro enquanto me sento, sobre mim próprio com vontade de um abraço teu. Hoje, neste lugar onde me espero, vejo aproximar-se o passado que segue em direção ao seu futuro, como comboio que passa sem parar nesta estação. Hoje, aqui mesmo onde estou, sinto a brisa leve do vento que segue rumo ao horizonte, sinto o perfume das pessoas que caminham envoltos neste lugar silencioso que me aconchega.
Deixo a música tocar, invadir a sala e dançar, sem corpos, como se aqui, neste mesmo lugar, o tempo tivesse feito uma pausa para só me encontrar. Fico a olhar, o desenrolar da vida em meu olhar, como filme que gira em torno deste lugar mágico onde sempre venho descansar. Sorrio e vejo a minha própria figura, inocente, irreverente, poeta louco e confuso, tcego, surdo, mudo e tudo, tudo isto me faz ficar, quieto, aqui neste lugar.