sábado, 4 de abril de 2009

Embalo...

Como barco desgovernado, sigo o curso deste rio que é teu corpo, sigo a corrente que se agita e me leva numa viagem plena de sentidos por todo esse mar. Te sigo onde quer que vá, como vagabundo perdido em ti. Sobre a areia dessa praia secreta, enseada escondida onde te entrega a mim, te envolvo em meus braços, embalo teu corpo despido, como escultura de areia macia que em minha pele adormece.

Da música retiro os sons que adormecem tua alma, dos livros as letras com que te escrevo, como poema inacabado, que a cada dia te entrego, como lágrima derramada na face seca e envelhecida.

Saudade ou simplesmente cansaço pela espera que em ondas me alterne, como este oceano que em mim se agita, em marés que me levam e me trazem como despojo de naufrágio em praia perdida. E no silêncio que me corpo encerra, guardo os segredos do teu, momentos em que os dedos resvalaram por tua pele, como gotas de maresia que agora em mim se depositam.

O tempo segue em direção a lado nenhum, e aqui ficam as letras que registram as lembranças, recordações de instantes por viver que tão reais em nós se fizeram que sentimos tê-los já vivido.

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