quinta-feira, 26 de junho de 2008

Desenho....


Desenho traços do seu corpo. Espero que a luz lhe de forma e que a brisa lhe confira as dimensões. Que a essência dos sons entre sílabas de ternura, saiam de seus lábios. Bebo das lágrimas de minha saudade o sal da vida. Junto todos os elementos para te reviver, para animar teu rosto com os sonhos e cintilar teus olhos com as estrelas.

Da minha boca solto palavras mágicas que te tornam palpável, e ali mesmo, passa a existir. Te trouxe de tempos imemoráveis que já vivemos no passado, te faço presente entre as frases que os dedos soltam sobre a folha nua duma brancura pura e imaculada. És a minha magia, o meu feitiço que invento, ou, uma simplesmente a minha alucinação.

Seguro teu corpo contra o meu, deslizo notas de uma música celestial, sobre o espelho d´agua de um lago calmo e tranqüilo, pairamos no ar . Estiro o braço e solto dos dedos as centelhas que salpicam o céu, de num noite fria, mas estrelada. Segues-me em cada passo, em cada oscilação do corpo, como se fosses eu. Danço-te, por entre as nuvens, entre o brilho da Lua e os raios do Sol. O dia segue, colado com a noite, num entardecer suave, vem a madrugada lembrar-nos que outra volta demos ao Universo, o tempo suspende-se duma estrela cadente para nos ver deslizar ternamente.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Para existir...

O corpo arrasta com ele a nossa vida. Segue, para lado nenhum, sabendo já o seu último destino. Inspira, expira, em cadências de tempo que mantêm acesa a chama que reside dentro de si próprio. Renova-se o ciclo, em cada acordar, renasce o dia em cada palpitar. Bate-lhe o sangue pelas veias ao ritmo do segundo, ao impulso do coração que o anima. Arrasta a alma o corpo, na esperança da libertação, empurra-o, ensina-o, adapta-o às vivências, e serve-se dele para sentir, para ser palpável, para existir.

Nesta relação entre hóspede e hospedeiro, vivem, abraçados a um destino, até que as forças cedam e os laços se quebrem. Bate o relógio, ao ritmo do tempo, que se gasta, que passa.

Esgota-se a vida, a cada segundo. Seguimos em frente, corpo e alma, na esperança que subitamente cesse o contrato que nos une, dando lugar a uma nova reconversão. Cada qual ao seu destino, entregam-se numa parceria que não escolheram, presa a compromisso e regras que a própria vida lhes impõe, deixando-se amarrar mais e mais a cada volta, a cada esquina, a cada lugar.

Chega o fim de dia, instante de libertação, em que cada um se resigna ao seu mundo. O corpo adormece, cansado da jornada, a alma, solta-se, para pairar no etéreo infinito do céu da noite escura. Separam-se os mundos por breves momentos, no sono, nos sonhos.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

O Inverno....


O frio me invade a alma, plena de ausências passadas, vazios feitos de nadas. Gelam-se os dedos, perdem-se as palavras entre as linhas do tempo, arrefece o espírito que se evapora nas nuvens escuras da tormenta. A geada cai lá fora, sobre minhas folhas amareladas, sinto nos ramos o seu peso, como se carregasse comigo toda a solidão da Terra.

Faz-se a noite da ausência do dia, e eu, deixo o coração perder-se na falta de ti. O tempo passa por mim sem me cumprimentar, vejo-o ir embora e deixando-me aqui ficar, esperando eternamente a tua chegada. Cruzo as estrelas com um olhar, tentando de alguma forma te encontrar, procurando os céus, paraísos perdidos, em busca de te amar.

Perco-me do destino, desencontro-o para não ter de me cruzar, quero ficar, só, nesta noite fria, deixar de sentir o meu corpo clamar pelo teu, calar a minha alma e não chamar por ti, quero apenas ficar sozinho, aqui, esperando, esperando que você venha por mim.

domingo, 8 de junho de 2008

Procura...


Procura em mim o paraíso perdido, qual Eva prestes a comer da maçã do pecado, procurando nela a salvação desejada. Teu corpo desnudo transborda o rio de prazer que sente dentro de mim, como se fosse meu o teu fogo, como se fosse você a minha luz. Sinto o calor da tua pele que irradia por todo o Universo, como um Sol que não brilha mas queima, como brasa adormecida entre cinzas.

Tua alma brilhante, trespassa a escuridão do quarto, cruzando céus escuros, atravessando gotas de chuva, desfazendo-se num arco-íris multicolor. Deixando a minha noite iluminada com a aurora boreal, luz dos sonhos que em mim acorda, brilho distante do teu olhar profundo. Teu sorriso desenha o teu rosto, centro da alegria com que me recebe entre os braços que me envolvem.

Entre os passos perdidos no quarto que habitas, na longa espera, deixas perfumes de incenso no ar, inebriando-me ao chegar. E recebe-me de corpo aberto, deixando-me entrar em ti, com o prazer do meu corpo e o fogo do meu espírito que te consome ardentemente pela noite dentro.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Voce é...


Você é a paisagem suave que meus olhos que adentra, ténue colina que teu corpo desenha nas curvas de uma pele suave que brilha. Você é silêncio, calmaria e porto que me abriga, lugar secreto onde meu corpo se entrega, se amarra em teu prazer e teu desejo. Você é o abraço que me aperta a alma, fundindo-a na tua, lugar comum entre mundos dispersos, distantes, contudo tão perto.

Você é a miragem que aos meus olhos se ilumina, febre que este calor intenso domina. É a sede, loucura e desejo, que apenas minha mente se atreve a desenhar, você é tudo e afinal não é absolutamente nada. Utopia imaginada sobre o papel, lugar doce ou mel, que jorra de teus lábios de mulher. Amor, puro devaneio que em meu âmago transporto como se realmente fosses minha, e sei que és.

Não passas do horizonte longínquo onde nunca vou chegar, mera paisagem para me deliciar, ficar aqui, apenas a olhar. Você é o fruto da minha imaginação, o amor do meu coração, o risco de carvão em minha tela, pureza inventada do quase nada. Você é o meu olhar que te encontra em qualquer lugar.