domingo, 1 de fevereiro de 2009

Estes instantes...

No silêncio da minha alma que escuto os murmúrios suaves da tua voz, compasso e ritmo lento, envolvendo, fazendo-me sentir o prazer doce da tua boca. É nesta madrugada feita de ausências, enquanto dormes, que me corpo se acorda para te olhar.

É nesta distância que percorres que sinto em teu esvoaçar a ternura dos teus lábios quando me vens beijar. Durante a manhã, que reparo nas nuvens do pensamento, recolho na pele a maresia deste momento, instante em que teu corpo disperso toca o meu, em que tua pele difusa se agarra à minha como orvalho derramado sobre as pétalas duma rosa. É neste Sol que não brilha, mas acalenta, nesta Lua que não aclara a noite, mas se faz de prata no teu olhar, que me deixo ficar.

É por todos estes instantes, prazer roubado ao tempo, ao corpo e ao espaço, que me deleito em alimentar a alma de letras, traços e figuras que te fazem tão real, como a própria chuva, que lá fora cai sobre os campos verdes deste pequeno Universo. É por saber que estás aí, em cada dia que nasce, em cada entardecer que morre entre horizontes, que me deixo ficar aqui, sentado nesta varanda vazia a olhar para esta noite que se aproxima.

Nenhum comentário: