quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Suavidade do teu corpo

A suavidade da margem do teu corpo, adormece-me nas praia da tua pele. O vidro que nos separa, condensa em si toda a humidade que se desprende de ti, pareces um sonho para lá da realidade fria daquele cristal. A silhueta desnuda, reflete para lá do corpo a alma intensa que reside em ti. Os contornos suavizados pela água que se desprende em pequenas gotícolas, que resvalam ao sabor da gravidade, tornam-te uma simples miragem.

Os aromas que emulsionam a água que cai em cascata do chuveiro preso na parede, espalham no ar o perfume que sinto sobresair da tua pele quando me abraças. Do cabelo escorrido, enrolam-se cordas de água doce, que se precipitam até ao lago que se estende a teus pés, percorrendo-te todas as curvas, inundando-te cada recanto íntimo, para terminar, levando com ele, pedaços de ti.

Fico aqui, do outro lado desta barreira cristalina que nos separa, como se estivesse numa galeria, contemplando uma obra de arte. Espectador atento da tua sensualidade, vigilante dedicado de tua essência, anjo, guarda, de tua alma.

domingo, 25 de novembro de 2007

Simetrias

É entre os reflexos do tempo que se encontram os mais sagrados segredos da eternidade. Entre a imagem real daquilo que somos e a imagem reflectida daquilo que fomos. O teu corpo, é igual simetria de sabedorias, sensibilidades e paixões. De um lado a realidade que enfrenta a agrura dos dias, ao outro lado, a sensibilidade que eleva os sonhos na noite que te adormece.

E o tempo, que a duas velocidades cresce contigo, levando a menina a fazer-se mulher, levando a mulher a tornar-se deusa. Eu, sou apenas as letras que ordenas em poemas perdidos sobre páginas de livros que se empilham na sombra das pedras que caminhamos todos os dias. Sou o murmúrio que escutas na brisa do vento que passa por ti, que te envolve, e te abraça como aquele apertado abraço que te deixei na partida.

E voas, igualmente simétrica nas asas, a que te conduz pela vida, a que te leva pelos sonhos, esperando que um dia ambas sejam apenas um par, e juntos possamos voar.

Quebrar a Solidão



Escrevo-te, para quebrar a solidão dos meus dias, acompanhar-te na solidão das tuas noites, por entre todo o silêncio a que te votas, abraçado nesse mar de estrelas que te entra pela janela. Escrevo-te na busca da perfeição, na onda distante que a alma agita, como um poeta que não rima. Escrevo-te porque quero ser a chama da tua fogueira, porque quero ser a luz tremula que te ilumina a alma, a companhia que na distância te acalma.

Descubro-te, simplesmente pelo instinto, pelo sabor que provo no vento, gosto teu que me toca, instante aberto em que me entregas a verdadeira essência de ti.

Desenho-te sabendo-te de cor, como se tivesses sido minha alguma vez, como se apenas te tivesse tocado, abraçado, beijado. Invento-te, na luz do dia, para que sejas real nos sonhos da

Noite, e, escrevo-te, mesmo sabendo que não me lês, mesmo sabendo que já não me sentes, ainda assim te escrevo, com todas as metáforas que conheço, torneando cada palavra, embutindo nela o sentir que reluz como madrepérola.


E tu, aí sentada, olhando a janela e vendo passar lá fora o mundo, perguntas-te, sou eu? E eu respondo-te, sim és tu, tu mesma, que agora descobriste nas minhas palavras os teus sentimentos, nas minhas metáforas a realidade que vivias procurando. Utopia dirás, mas o que não é utópico? Até a própria realidade o será se deixarmos de acreditar nela.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Um sonho

A cada Noite, venho visitar-te na tua solidão, alimentar-te a saudade que sentes já sem saber. Agora os teus olhos vêem-me, o teu corpo sempre me sentiu, mas era uma presença imaginada, hoje sou uma imagem nítida na memória do teu futuro.

A tua pele recebe-me como a brisa do vento, que te abraça o corpo desnudo. Teus olhos cor do mar, vêm-me chegar montando Pégaso. Tuas mãos, desenham sobre a folha branca de papel, fazendo-me real, dando-me forma. Num instante, salto do papel, ganhando vida, apeando-me da montada, pegando tua mão para beijar.

Ofereces-me teu corpo para abraçar, queres sentir os meus contornos e tocar a minha pele morena. Absorvo cada sabor teu, inálo cada perfume como elixir, que me dá vida, que me mata a sede desta ausência prolongada.

Estes breves instantes, entre um dia e outro dia, fazem da Noite um momento de partilha, tornam-na mágica e levam-nos ao lugar dos sonhos, onde se realizam as metáforas, onde nos encontramos a cada Noite. Depois, deixo-te de novo, com a aurora, mergulhada na tua solidão, nos sonhos que desenhas para ti, e despertas, abrindo os olhos, e lembrando-te logo alí, que sonhaste comigo.

Tempo


Escorre pelas mãos o tempo, como areia que se dissolve na água do mar. Passa por mim a vida, correndo como rio até ao oceano. Fico sentado, neste recanto de estrada, margem entre ficção e realidade, instante parado, pedaço de tempo que perco. Não sei onde estou, sequer se estou em algum lugar. Não sei como vim, de onde parti para aqui chegar.

Teu, bálsamo que suavizas minha dor, momento de prazer que me acolhe no meio da Noite. Só em ti encontro a alma, só em ti encontro a casa, o leito perdido onde me recebes de corpo aberto.

Tu, tão somente tu, que no vazio me descobre, que na imensidão da praia me distingues entre grãos de areia, tu, apenas tu.

Silêncio, cala-se a vida, sossegam os murmúrios e a ausência torna-se presente, neste lugar vazio onde me deixo ficar. Chegas, nas ondas do mar, perdida na brisa do vento, ou no raio que rasga o céu escuro da tempestade. Teu corpo molhado, é areal onde me deito, abraço, apertado que me conforta, colo que me aconchega. Eu, teu porto de abrigo, onde aportas teu corpo, onde matas a sede da saudade e renovas a alma, no sopro suave dos meus lábios.

Letras


Nas letras do teu poema, encontro-te, contemplando a noite, a alma enlaça-se nas rimas, e a voz que não escuto, declama os versos, como se os escrevesses nesse instante, para mim. No teu poema, a luz nasce, entre cada estrofe, no ritmo do palpitar do meu coração que bate no teu peito.

O teu corpo, despido, espera pela brisa do meu vento, que o afaga, como se meus dedos se fizessem de nada e viessem acariciar-te a tua pele canela, descobrindo cada recanto teu, como se já te houvesse tocado um dia, te tivesse possuído, fosses minha naquele momento em que consigo rasgar a barreira entre as dimensões para estender o meu braço, abraçar-te.

A música embala o teu olhar, uma lágrima de saudade desprende-se, formando um rio que corre, face abaixo, percorrendo-te, deixando por todo o corpo as letras que me escreves, fazendo da tua pele, papel onde marcas a tinta os sentidos que me ofereces.

Neste instante, abro as nuvens, e deixo escapar do meu peito um brilho, que atinge o teu olhar, repousa no teu peito, levando com ele a minha pele, o corpo que te aquece a alma, te cobre, te descobre e te ama até nascer uma nova madrugada.

domingo, 18 de novembro de 2007

Dançando


Pauso o olhar, nas tranças do tempo, deixo-me ficar, sentado sobre ele, vendo a vida passar, o teu corpo mudar, ao ritmo do meu pensamento. Deixo-me estar, parado entre os segundos, vislumbrando na penumbra o teu corpo desnudo, dançar em minha frente. Hoje estou vazio, não sei se gastei todas as palavras de uma só vez, ou, se, simplesmente, deixaste de as soprar no vento. As mãos geladas não escrevem e o olhos ficam parados para lá do infinito, sem se aperceberem do que ocorre em seu redor. Tu, vestida de nada, segues aí, agitando o corpo ao ritmo dum relógio qualquer. As forças esvaem-se e o corpo entra numa letargia oca. Não se escuta nada, nem a música que outrora enchia a casa de ruidos. Apenas os corpos permanecem sem saber muito bem porque ficaram aqui quando as almas foram para outra dimensão. Sinto apenas a brisa que provoca o teu corpo de bailarina, vestido da seda da tua pele, que se contorce nesse palco vazio que é a vida. Os meus olhos, vidrados no horizonte que se apresenta como limite infinito deste mundo onde o ar é a única coisa que subsiste, apenas vêem para lá do escuro, um ponto azul claro, na extensa Noite em que se transforma esta dança sem música a que te entregas em cada dia da tua vida.

sábado, 17 de novembro de 2007

...Sozinho aqui!


Despertas da escuridão, envolta no perfume das flores que te cobrem o corpo. Desabrochas para a vida, depois da tempestade duma noite de pesadelos. Faz-se dia, antes mesmo que a a escuridão desapareça, porque o sonho afastou os temores, os medos. Dissipam-se as nuvens e o brilho da Lua ilumina o teu olhar. Teu corpo feito de prata reflecte os desejos que a alma anuncia escondida em teu peito.

Sou estrela que te visita, abraço terno que te acolhe no frio e na distância que te separa de mim. Sonho, de uma noite quente de Verão, ou, coberta que te afaga a pele num dia frio de Inverno. Sou letras, imaginação com que preenches o teu sono. Sou quase tudo, e praticamente nada. Acordas, no meio desta Noite, arrepiada pelo ar fresco da madrugada, ou por pressentires a minha partida antecipada.

O vento do norte vem-me buscar, e os raios do Sol adormecem o meu olhar, já não brilho no teu céu, já não te abraço porque a realidade te colheu, deixando-me ficar sozinho, aqui!

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Sono cheio de sonhos


Noite, que me abraças, que me embalas, num sono cheio de sonhos. Que me levas para além do infinito, num só sopro de fantasia. Deixa-me dormir, esta noite, em teus braços, envolto pelo cetim escuro da tua côr. Quero descansar tranquilo, sem nada em que pensar, ficar quieto, perdido sem me encontrar.
Noite, deixa-me ficar, no silêncio do teu olhar, inerte e plácido, como a luz das tuas estrelas, que a imensidão não consegue devorar. Quero desfalecer, perder o ritmo ofegante da vida, expirar o último fôlego, e voar. Perder-me dos sentidos, afogar os sentimentos, e ser simplesmente energia que flutua em direção aos astros.
Noite, fica, aqui comigo, nem que seja apenas e só, esta noite!

Gotas de Cristal


Gotas de cristal, lágrimas perdidas na noite. Pétalas despidas duma flôr qualquer. Sentidos esvaídos, exprimidos, contidos apenas na essência de um instante feito de água, com gosto salgado.

Hoje, quero evaporar-me contigo, mudar de forma, esquecer-me de toda e qualquer norma, ser apenas ar, volátil, vazio, e nada mais. Quero subir, unir-me às nuvens que cobrem as tuas estrelas, tornar-me tormenta, condensar-me de novo. Purificado, quero cair, em direção à terra, para novamente me perder, sobre um telhado, uma flôr, ou simplesmente, uma estrada, um caminho que me leva de volta a lugar nenhum.

De regresso, ao mar revolto, através da doçura dum ribeiro qualquer, volto a salgar-me como as lágrimas que te escorrem pela face, nesta noite escura em que a minha alma não iluminou o teu caminhar.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Fantasia


Do início dos tempos, transporto o mito, a fábula, a história, como livro esquecido nas prateleiras da memória. Venho, pelo longo caminho, andando, deixando em cada árvore, em cada arbusto, pedaços da vida, retalhos das memórias, histórias, ou simples contos. Atravesso os séculos, com passos lentos, distribuindo fórmulas e unguentos. Entrego, em cada livro um destino, em cada prece um lamento.
Cruzo-me, com tantos trilhos e tantas vidas, encontro, companheiros de viagem, que carregam com eles a própria história dos homens, escuto-os, aprendo. Não viajo sozinho, acompanha-me a sombra que a luz projeta atrás de mim. Componho com as palavras que invento, as histórias que ensino, pedaços de outras vidas, entregues em fascículos.
Mito, invenção, pura ficção, ou quiça um sonho? será alucinação? ou mera confusão? Estas são as pegadas deixadas no imenso caminho que percorro. Marcas de outros tempos, contos de outras eras, vidas, já vividas, acumuladas no livro da alma, capítulos escritos, transcritos e lidos. Poções, ou sonhos, magia ou realidade, que insisto em fazer verdade.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Contornos

Sensualidade, desejo e prazer, formas que extraio do toque, do teu ser. Vontade, sentido e loucura, tudo aquilo que bebo de tua alma pura. Contorno-te, com meus dedos, como se fossem lápis, sobre a cama, feita de tela de algodão. A tua pele faísca a cada toque, pulsando em arrepios de prazer. Minha boca, saboreia cada milímetro de corpo que se estende qual planice à minha frente. Meu olhos são faróis, que na Noite escura iluminam o caminho a seguir. Minha língua desenha o teu pescoço, num traço de perfume e essências que se desprendem de ti. Meus lábios fecham-se ao abraçar os teus mamilos eretos que estremecem de prazer e meus dedos, adentram-se agora entre tuas penas, procurando o aconchego úmido de teu corpo, quente. Os corpos enleados, são um só novelo, da mais pura lã, na virgindade deste momento que se transforma num instante de prazer. As vozes soltam-se, dão lugar a gemidos, os corpos desatam-se em contusões, espasmos de luxúria. O meu corpo invade o teu, numa pacífica sensação de bem estar, abraças-me, e sinto-me deslizar por dentro de ti, quero tocar-te a alma com os dedos de minha alma, quero impregnar-me do teu perfume, invadir-me da tua pele. Os teus cabelos pendem sobre mim, longos, soltando fragrâncias, acariciando-me o corpo, escondendo-te a face de menina mulher que só eu conheço. O relâmpago corta a noite no instante e que juntos tocamos o Olimpo, os corpos cansados desferem o ultimo derrote e abandonam-se à delícia deste êxtase, deixando-se simplesmente ficar, envoltos um no outro.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Esperar

Tento adivinhar por entre as pedras o caminho, tento contornar as dificuldades que o destino me coloca, por forma a não esbarrar, não magoar. Evito, as pontas afiadas das rochas, evito perder-me na caminhada. Por entre a bruma, descubro-me, vejo a imagem refletida nas superfícies brilhantes, imagino o que está para lá da esquina, tentando predizer o que está por vir. Debruço-me sobre os livros, sobre as formulas, calculos e profecias, tentando entender o rasto que fica quando passo, a cada passo. Caminho, pesadamente, sobre cada trecho, sentindo o corpo cansado, a alma carrega-me. Procuro no escuro, a luz de um dia qualquer, procuro na noite, a Lua que teima em adormecer. Longo é cada segundo que arrasta o tempo atrás de mim, como uma corrente que me prende, sangrando-me o corpo, dilacerando-me o espírito como um cilício. Entrego a esperança carregada entre mão, ao divíno, deixando o futuro chegar sozinho, deixando a alma esperar, na beira do caminho, que a venham buscar.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Namaste

Nama = Reverência
AS = eu

Te = você
"O Divino em mim reverência o Divino em você"

Trazemos as palmas das mãos juntas em frente ao peito para cultivar o Amor Divino, em seguida abaixamos a cabeça e fechamos os olhos, ajudando a mente a se entregar ao coração.

Entre o professor e o aluno NAMASTE permite os dois se conectarem energeticamente, sem tempo livres dos limites do ego. Se for com sinceridade no coração e com a mente entregue e aberta uma profunda união de Espirito pode nascer e a verdade fluir.

A verdade é que todos nós somos um quando vivemos realmente no coração.

"DEDICO ESTE TRABALHO A TODOS OS MESTRES, DE TODOS OS TEMPOS, POR SEUS ENSINAMENTOS QUE ME INSPIRAM A TRAVES DOS TEMPOS"

"Hari Om Shri Gurubhyo Namara"

Voei

Quando a noite chega, adormecendo o dia em seus braços longos, abandono o meu corpo, sobre a cama, e a minha alma ganha balanço e voa para lá das estrelas. Sigo o rasto que deixaste para mim, por entre sois e planetas, navego, sentindo o perfume da tua pele que nunca toquei. Corto o vazio, atravesso galáxias sentindo o chamamento da tua alma, a vibração do teu corpo.
Este fio de seda, que nos liga desde o início dos tempos, resiste, tensiona-se, mas nunca se quebra, por isso escuto a tua voz, sem mesmo nunca me teres falado, acaricio o teu corpo sem nunca o ter sentido em minhas mãos, olho dentro dos teus olhos, sem nunca os ter visto. Esta noite universal, companheira de caminho, musa de tantos sonhos inventados na ponta dos dedos, acompanha-me com a sua escuridão, deixando que apenas as estrelas marquem o caminho para te encontrar.
Já o sol começa a rasgar o horizonte, quanto encontro o teu corpo desnudo, junto à margem do lago. Olhas as estrelas e pronuncias o meu nome, num chamamento, vês-me chegar, como nunca me havias visto antes. Venho sentar-me a teu lado, afagar-te o cabelo, sentir as curvas da tua pele macia e esperar pelo momento em que os teu lábios irão tocar os meus e fazer com que o dia nasça, de novo.
Digo-te, "-Estou aqui, meu amor! Sempre estive, mesmo quando não conseguias ver-me.", abraças-me e sinto a tua alma acolher-me, como se fizesse há muito parte dela. E fez-se dia...

Madrugada


Era já madrugada, o meu corpo dormia sobre a cama, a minha alma esperava-te sobre o umbral do tempo, a brisa do vento da tarde alertara-me para a tua chegada, pois com ela transportava o perfume da tua essência. Ali sentado, peguei no carvão, e sobre a tela, imaculada, deixei que as minhas mãos criassem. Chegaste, sobre a forma dum desenho, brotaste de dentro de mim, como uma criação, e, ali estavas, olhando-me.
O teu corpo sensual, soltou-se da tela onde nascera e fez-se mulher, o teu olhar, que fixava o meu, invadiu-me, senti o inconfundível perfume da tua pele, os teus cabelos roçaram suavemente a minha face e finalmente, ancoraste em mim. Os meus dedos, sedentos de ti, percorreram cada curva desenhada, cada detalhe, a minha boca, devorou-te, tentando absorver cada pedaço de ti.
Os corpos, fundiram-se, numa poção mágica, no silêncio desta noite, madrugada, quase amanhecida. A minha boca encontra a tua, quando a Lua, deixa espaço ao Sol, e o dia vem rompendo o horizonte, num tom rosado suave. As estrelas, insistem em não se apagar, aguardam, querem sentir a tranquilidade deste reencontro. Hoje, acordaste na minha tela, e eu de olhos fechados, fiz-te mulher.

domingo, 11 de novembro de 2007

Sonho Proibido


Entrego o espírito ao vento forte que sopra lá fora, dispo o corpo e deixo a alma voar, mesmo sem asas. A música adormece o que resta de mim, e as palavras soltam-se na ponta dos dedos. Deixo-me navegar por sonhos proibidos, espaços reservados que guardo na minha própria caixa de Pandora.
Desenho com as letras cada pedaço deste lugar onde repousam as magias, onde dormem os duendes e as fadas se refugiam quando esgotam os seus feitiços. Pinto com as cores da aurora os pedaços deste céu que me envolve. Liberto as letras em cascatas que se esbatem contra a superfície tranquila deste mar que morre placidamente na areia da praia.
Deixo à solta os sentidos, para que toquem os corpos dos que aqui vêm visitar-me, despertando-lhes as almas para a dimensão deste lugar. Aqui, onde o Sol nasce juntamente com a Lua e o dia coexiste com a noite. Nesta ambiguidade prazeirosa, os textos ganham forma de gaivotas que rasgam o azul, com laivos brancos.
Por aqui me perco, e me deixo ficar sempre que a vida lá fora me comprime, me empurra e me angustia. Este é o lugar secreto, onde me encontras sempre que não sabes de mim. Aqui vive a alma que não vês mas sentes, aqui, neste sonho proibido.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Sinto - te


Sinto-te, em cada palavra descrita, em cada letra escolhida. Sinto-te, em cada inspiração tua, em cada instante meu. O teu corpo, que descubro, com a ponta dos dedos que te escrevem, descrevem cada milimetro da tua pele. Sinto-te o perfume que se mescla com o incenso que queima o ar salpicando a noite de aromas.
Espera-me, sobre essa cama vazia, onde todas as noites adormeces em sonhos, embalados pela brisa. Chego de mansinho, afagando-te os pés, a minha respiração percorre suavemenste as tuas pernas, sentindo-te sem te tocar, a pele macia. As minhas mãos, tocam o teu ventre como se de plumas se tratassem, sinto-te, o corpo arrepiar-se, descobriste-me, envolto no vento cálido desta noite, encontraste-me no abraço apertado que nos demos.
Os meus lábios, procuraram encontrar os teus na plena escuridão, sabendo com certeza que iriam encontrá-los, no instante em que ambos nos beijamos, com a intensidade que apenas a saudade de muitas vidas deixou em nós. Senti-te, quando os nossos olhares se cruzaram, enquanto as nossas bocas se devoraram, num momento mágico.
Quando fizeste o dia nascer, o Sol foi encontrar-nos onde a Lua nos adormeceu, dois corpos colados, duas almas abraçadas, sobre os lençois do amanhecer...

domingo, 4 de novembro de 2007

Espaço de solidão


Sento-me, na beira deste limite de Terra, quero partilhar com todos a minha solidão, a minha vontade de ficar só. No limiar do momento, deixo atrás tudo o que ganhei, olho o infinito sem ver o que vem, vivo apenas o prazer deste momento em que me deixo envolver pelo silêncio.
Absorvo todos os sons que o horizonte me trás, sinto, o toque da água fria deste mar que me afaga os pés, deixo que o espaço me devore na solidão deste instante, em que o dia adormece nos braços da minha noite.
Deixo que os pensamentos resvalem para este oceano que à minha frente se agita, afogando-se no sal desta água pura. Espero, libertar-me aqui, na beira deste abismo, deste corpo velho e usado, e ganhar asas para voar de novo, numa liberdade há muito conquistada.
Aqui sentado, espero que a noite me abraçe num prolongado momento de solidão.

sábado, 3 de novembro de 2007

Sente-me



Sente-me, mesmo aqui, na eterna distância que nos separa, o calor imenso do teu corpo. Olho-te, na sensualidade do teu quarto, enquanto a roupa se desprende de ti, e me mostras a nudez da tua alma, embrulhada nesse corpo fremente. A pele arrepia-se ao sentires-me tocá-la, como um sopro, teus olhos encerram-se num desejo que os revira nas órbitas, teu ventre retrai-se como que contendo um espasmo de prazer. Sentes-me, percorrer-te por completo, as mãos, os lábios o corpo, tua alma incandescente, refrigera-se ao fundir-se com a minha.

Teus dedos, seguem minhas mãos nesta viagem aos teus sentidos, o corpo agradece e a alma mata a sede que a saudade reclama. Sinto o perfume do teu cabelo longo, o sabor da canela em tua pele, o calor que de ti emana. De olhos cerrados, faço-me presença em ti, transporto o corpo para alimentar o teu, levo a alma para abraçar a tua, nesta viagem transcendental ao nosso Universo.

Os corpos exaustos pelo prazer que se ofereceram repousam juntos no limiar das dimensões, espaço e tempo que nos separam, mantendo as mãos enlaçadas, conexão inviolada através dos séculos. As almas, feitas de uma só pela fusão, permanecerão ligadas através dos céus, atravessando o portal da eternidade.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Atrás do Tempo


...deixo-me ficar, na sombra do passado, escondido da turbulência do presente, evitando as vagas do futuro. Deixo que o tempo me passe, me ultrapasse, fico quieto, estático. Com este tempo que passa, observo as imagens de vidas que arrasta detrás de si, um filme desfocado pela sua própria velocidade, fotogramas de instantes em que o próprio tempo se suspendeu, uma pausa na agitação da corrida.Deixo-me ficar, aqui onde o Sol já iluminou o dia, e a Noite é exclusivamente o remanescer do que ficou de mais um dia. Sento-me, como se conduzisse um carro, com a singular diferença de que não me movo, apenas o que está à minha volta se atarefa em passar. Esta viagem, atrás do tempo, oferece-me a possíbilidade de rever os momentos, de perceber os tormentos, de sentir de novo, duma forma inversa o que é ir da dor à alegria, da ausência à presença, do vazio ao cheio.Espero, neste regresso à origem, nesta viagem sem movimentos, voltar a ti, no lugar onde nos deixamos, ouvir-te de novo, e sentir que no teu olhar a esperança de outros tempos, é muito superior á derrota do presente. Espero, poder demonstrar-te que não é baixando os braços no presente, que alcançarás no futuro tudo aquilo que já tiveste no passado.Volto, de regresso atrás, ao lugar onde as nossas mãos se separaram pela última vez, para voltar a tocar-se no próximo futuro...

No Silêncio desta noite


No silêncio desta noite, fico a escutar a minha própria alma. A Lua, preenche o céu imenso, apagando o brilho da tua estrela. Sento-me no topo da colina, em meu redor as luzes das cidades vizinhas prolongam o firmamento, pontilhando a Terra escura, esbatendo a linha do horizonte. Hoje, não se escuta nada, apenas o som do coração que bate, a um ritmo quase parado.Sei que estiveste aqui, vi-te por entre as sombras das árvores adormecidas, deixaste-te ficar, vieste apenas olhar-me, descubrir nas palavras escritas o fôlego que por vezes te falta. Senti a tua alma palpitar na escuridão, comprimindo-se para não quebrar o silêncio, de palavras que não escreveste, de frases que nunca pronúnciaste.Com as mãos cravadas sobre a terra, deixei que os dedos se afundassem no solo fresco, deixei que criassem raizes e ali ficassem presos para que não deambulassem sobre as teclas, feitas de letras que sempre te escrevo. Mas, a minha alma, soltou-se e com ela libertaram-se as palavras, frases completas, que no silêncio desta noite, agruparam as estrelas em novas constelações e desenham sobre o céu escuro, as palavras que não ouso dizer-te ao ouvido, simplesmente porque, estiveste aqui, e não me deixaste ver-te.