terça-feira, 20 de novembro de 2007

Tempo


Escorre pelas mãos o tempo, como areia que se dissolve na água do mar. Passa por mim a vida, correndo como rio até ao oceano. Fico sentado, neste recanto de estrada, margem entre ficção e realidade, instante parado, pedaço de tempo que perco. Não sei onde estou, sequer se estou em algum lugar. Não sei como vim, de onde parti para aqui chegar.

Teu, bálsamo que suavizas minha dor, momento de prazer que me acolhe no meio da Noite. Só em ti encontro a alma, só em ti encontro a casa, o leito perdido onde me recebes de corpo aberto.

Tu, tão somente tu, que no vazio me descobre, que na imensidão da praia me distingues entre grãos de areia, tu, apenas tu.

Silêncio, cala-se a vida, sossegam os murmúrios e a ausência torna-se presente, neste lugar vazio onde me deixo ficar. Chegas, nas ondas do mar, perdida na brisa do vento, ou no raio que rasga o céu escuro da tempestade. Teu corpo molhado, é areal onde me deito, abraço, apertado que me conforta, colo que me aconchega. Eu, teu porto de abrigo, onde aportas teu corpo, onde matas a sede da saudade e renovas a alma, no sopro suave dos meus lábios.

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