Escrevo-te, para quebrar a solidão dos meus dias, acompanhar-te na solidão das tuas noites, por entre todo o silêncio a que te votas, abraçado nesse mar de estrelas que te entra pela janela. Escrevo-te na busca da perfeição, na onda distante que a alma agita, como um poeta que não rima. Escrevo-te porque quero ser a chama da tua fogueira, porque quero ser a luz tremula que te ilumina a alma, a companhia que na distância te acalma.
Descubro-te, simplesmente pelo instinto, pelo sabor que provo no vento, gosto teu que me toca, instante aberto em que me entregas a verdadeira essência de ti.
Desenho-te sabendo-te de cor, como se tivesses sido minha alguma vez, como se apenas te tivesse tocado, abraçado, beijado. Invento-te, na luz do dia, para que sejas real nos sonhos da
Noite, e, escrevo-te, mesmo sabendo que não me lês, mesmo sabendo que já não me sentes, ainda assim te escrevo, com todas as metáforas que conheço, torneando cada palavra, embutindo nela o sentir que reluz como madrepérola.
E tu, aí sentada, olhando a janela e vendo passar lá fora o mundo, perguntas-te, sou eu? E eu respondo-te, sim és tu, tu mesma, que agora descobriste nas minhas palavras os teus sentimentos, nas minhas metáforas a realidade que vivias procurando. Utopia dirás, mas o que não é utópico? Até a própria realidade o será se deixarmos de acreditar nela.
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