segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Madrugada


Era já madrugada, o meu corpo dormia sobre a cama, a minha alma esperava-te sobre o umbral do tempo, a brisa do vento da tarde alertara-me para a tua chegada, pois com ela transportava o perfume da tua essência. Ali sentado, peguei no carvão, e sobre a tela, imaculada, deixei que as minhas mãos criassem. Chegaste, sobre a forma dum desenho, brotaste de dentro de mim, como uma criação, e, ali estavas, olhando-me.
O teu corpo sensual, soltou-se da tela onde nascera e fez-se mulher, o teu olhar, que fixava o meu, invadiu-me, senti o inconfundível perfume da tua pele, os teus cabelos roçaram suavemente a minha face e finalmente, ancoraste em mim. Os meus dedos, sedentos de ti, percorreram cada curva desenhada, cada detalhe, a minha boca, devorou-te, tentando absorver cada pedaço de ti.
Os corpos, fundiram-se, numa poção mágica, no silêncio desta noite, madrugada, quase amanhecida. A minha boca encontra a tua, quando a Lua, deixa espaço ao Sol, e o dia vem rompendo o horizonte, num tom rosado suave. As estrelas, insistem em não se apagar, aguardam, querem sentir a tranquilidade deste reencontro. Hoje, acordaste na minha tela, e eu de olhos fechados, fiz-te mulher.

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