quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Sonho

Entrego o espírito ao vento forte que sopra lá fora, dispo o corpo e deixo a alma voar, mesmo sem asas. A música adormece o que resta de mim, e as palavras soltam-se na ponta dos dedos. Deixo-me navegar por sonhos proibidos, espaços reservados que guardo na minha própria caixa de Pandora.
Desenho com as letras cada pedaço deste lugar onde repousam as magias, onde dormem os duendes e as fadas se refugiam quando esgotam os seus feitiços. Pinto com as cores da aurora os pedaços deste céu que me envolve. Liberto as letras em cascatas que se esbatem contra a superfície tranquila deste mar que morre placidamente na areia da praia.
Deixo à solta os sentidos, para que toquem os corpos dos que aqui vêm visitar-me, despertando-lhes as almas para a dimensão deste lugar. Aqui, onde o Sol nasce juntamente com a Lua e o dia coexiste com a noite. Nesta ambiguidade prazeirosa, os textos ganham forma de gaivotas que rasgam o azul, com riscos brancos.
Por aqui me perco, e me deixo ficar sempre que a vida lá fora me comprime, me empurra e me angustia. Este é o lugar secreto, onde me encontras sempre que não sabes de mim. Aqui vive a alma que não vês mas sentes, aqui, neste sonho proibido.

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