quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Vagueio...


Vasto é o ar onde me perco, caminho diluído de lágrimas e prantos. Água salgada, lágrima do meu desencanto. Procuro o teu reflexo por entre cada gota deste líquido amargo. Procuro a tua alma neste rio de luz que me ofusca. Chamo o teu nome, com a voz da minha essência, neste silêncio avassalador que me consome.

Sei onde está, mas temo não te encontrar lá. Sei que te escondes, que te fechas na tua concha protetora. O cotidiano te afogou neste mar de medos, tormentos e pesadelos. O brilho da minha alma não foi suficiente para te iluminar e as trevas tomaram conta de ti. Mas quero que saibas, que continuo aqui, neste barco que deriva em todas as direções, procurando te encontrar e te recuperar para o meu peito vazio.

Vagueio oceano fora, escutando, procurando pelo caminho que me há de me levar a você, liberto-me de corpo pesado, e deixo a alma me conduzir qual anjo alado ao teu encontro. com um murmúrio te canto e deixas me entrar no teu mundo onde me abraças e sentes o calor em mim, a ternura e o meu afeto, o amor e a minha paixão que hão de te deixar imaculada, brilhante como a luz suave da Lua que nos cobre nesta nova Noite. Sabes que sempre te encontrarei, pois em meu peito carrego um pedaço de ti, qual farol que pulsa luz em teu redor.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Sente-se...


Sente-se no ar o teu perfume, em meu rosto o calor do teu. Te recebo, nesta visita aos meus sonhos, como se fosses real, como se estivesses em mim. Sinto a tua mão sobre os meus olhos, cobrindo-os, não queres que te olhe.

Escondo também o teu olhar com a minha mão, nossos lábios silenciam-se pousando sobre os rostos. É noite, e veio me visitar aos meus sonhos. Minhas mãos sentem o toque da tua pele, respiro o ar que expiras, como que absorvendo-te a alma, quero-a, minha, devolvendo-te na minha expiração a essência do meu ser.

A Noite cruza os céu, e deixa-nos ali, abraçados numa forma invulgar de amar, duas crianças que na sua imaculada pureza se desejam duma forma diversa. As estrelas são gotas de chuva celestial que se desprendem dos céus e se precipitam sobre nossos corpos inocentemente despidos.

Não sei quando voltarás, se voltarás ainda nesta vida. Mas, neste momento em que te sinto, o tempo não conta, deixou de existir, ficando apenas o amor que em nossas almas habita. Não importa se, quando a manhã chegar já não existes aqui, se quando o Sol raiar se desvanecem as esperanças em mim, apenas agora, que nossos corpos partilham o mesmo ar que respiramos, que as almas se fundem numa única e verdadeira expressão do Amor eterno, importa sentir os dedos da eternidade embrenharem-se em nossos cabelos feitos de ventos de esperança.

Acorda-me o dia, e de ti apenas o perfume invade o quarto, recordação de uma noite em que me visitou nos meus sonhos, me beijou e se despediu da minha vida!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

O Sol da Meia-noite



O sol da meia-noite, inflama o ar, como uma bola de fogo, evaporando as gotas da última chuvada. As sombras ganham forma e uma leve brisa sacode a folhagem, ainda umida. Misturo-me no vento que passa, envolto na maresia da madrugada, levando comigo o perfume do amor, aos quatro cantos do Universo.


Percorro cada milímetro de pele, deixando suaves gotículas deste perfume mágico que desperta os sentimentos. Neste vôo infinito, percorro a Terra num segundo, deixando o mundo da fantasia roçar os corpos da realidade, sacudindo as almas, para um acordar doce e terno.


Nem sempre se consegue abrir a alma ao sopro do amor, nem sempre o simples toque da essência permite que sintas entrar em ti uma nova vida, mas, nos corações mais sensíveis, a noite, calma e tranquila, transporta nas suas letras a fragrância da paz, e do amor eterno.


Invado-te, conquisto-te, descubro-te, a cada letra que deixo cair sobre o teu corpo, a cada toque que não sentes, a cada sonho que te conto. Adormecida, nesta noite, que te embala, sobre braços inventados de frases descritas, deixas-te adormecer, deixas-te levar, e a noite oferece-te as asas, que, plácidamente, te farão voar.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

No escuro do quarto


Esta noite sentei-me no escuro do quarto, lá fora, a tempestade fustigava os vidros da janela, e a chuva, escorria como lágrimas. Os relâmpagos, transformavam a noite em dia, e iluminavam o meu corpo, inerte. O meu olhar, concentrava-se muito para além da tormenta. A minha alma, deixou o corpo, ganhou asas, voou, para lá do tempo.

Nas palavras que te deixei, envolvidas em sentimentos, te ofereci os sons, o toque, e os olhares que, apesar de não ver, sempre se cruzavam em cada letra escrita, em cada frase sentida, a cada música não tocada. Conhece a magia que os sentimentos encerram, pode, deve, ser desenhada de todas as formas possíveis, só assim conseguimos atingir a plenitude, só assim conseguimos sentir.

Neste espaço escuro, onde periódicamente espalho os meus sentimentos, encontrar-me sempre que a tua alma precise beber nas letras de uma simples palavra, o sentimento que nenhum toque, olhar ou som te consiga dar. Quem sabe, nesse momento, não descubrirás a chave que abre uma nova dimensão.

sábado, 19 de janeiro de 2008

O perfume do Incenso

Agita-se no vento suave do entardecer o perfume do incenso que arde sobre a mesa vazia. No ar circulam as fragrâncias de um tempo por existir. Num instante o teu corpo ultrapassa a névoa que o envolve e anuncia um novo perfume, e sinto o cheiro doce da tua pele inundar-me de luxúria e prazer.

Paro, um momento, enquanto te deixo contemplar a minha sombra que esconde a luz intensa da tua alma. Seguro, o impulso que me impele a tocar-te, prolongo o prazer da abstinência, deliciando o olhar com os contornos dum corpo desnudo, duma chama ardente que queima o ar em seu redor.

Na brisa que se solta dos lábios sob forma de palavras, proclamo a minha paixão, feita de frases, textos e imagens que criamos na distância que separa os nossos corpos. Esta história, como tantas outras, escrita com os sonhos que nos atrevemos a sonhar, faz parte dum livro que começamos a escrever lá longe no passado e que continuamos a escrever, em cada palavra que inventamos, em cada verbo que conjugamos.

A sensibilidade que se espalha por toda a envolvência, provoca arrepios de prazer, e, nem mesmo a falta do contato físico apaga, a emoção deste êxtase que nos percorre a líbido, nos estremece por dentro e nos faz vibrar, revirando o olhar e atingindo o climax, nesta troca solvente de letras que encaixam como os corpos, um no outro.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Conheço Tua Alma

Fecho os olhos e deixo o pensamento voar, quero apurar os sentidos, para que estes sintam o perfume da tua pele, desenhem sobre a folha branca de papel, os contornos da tua silhueta. Esqueço-me do mundo lá fora, deixo a Lua imensa, banhar-me com o seu luar, esperando que, onde quer que esteja, me encontre refletido na sua superfície.

Nesta noite, em que a brisa da tua alma me vem visitar, deixo-me ficar aqui, sentado, na saudade que ainda não conheço, esperando que chegues, para te sentir. Te desejo, sobre a forma de uma borboleta noturna, cuja beleza se oculta na ausência de luz, mas que os meus olhos conseguem vislumbrar quando despontas no horizonte. Quero descobrir, cada palavra tua, encontrar na tua essência um pedaço de mim.

Não sei há quanto tempo te espero, és uma imagem difusa na minha mente, mas sei que encontrar-te-ei, porque sei de cor o teu corpo, e conheço a tua alma, porque és parte de mim...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Luz dos teus olhos


Abrem-se as portas do paraíso escondido em ti, os raios de Sol rasgam o pano escuro da Noite, os olhos ofuscam-se com o brilho dum olhar teu. Fez-se dia no mundo dos sonhos, do outro lado, a realidade escorre por entre dedos ao ritmo de mais uma noite de sono. Revelas-te em todo o teu fulgor, de traços redondos, de pele despida, a tez branca faz lembrar-me um rosto de gueixa, que num longínquo instante se entrega de corpo e alma ao culto do prazer.

Caminho, em direção a ti, por entre roseiras e margaridas, sentindo esse perfume que o teu próprio corpo emana, qual flor silvestre que me aprisiona o olfato e inebria o sentir.
Voam em redor os pássaros feitos de papel, que como por magia, a tua, ganharam vida e vêem agora acompanhar-me neste passeio pelo mundo dos teus sonhos. Vens receber-me, escondendo a tua nudez por detrás de um fino tecido translúcido. Abro os braços e deles soltam-se notas de música que invadem todas as dimensões.

A boca, calada, diz-te sem se mover, as frases que esperas ouvir, os olhos, cerrados, vêem a dimensão da tua alma que me envolve por completo, tomando-me nesses braços imaginários e confortando-me o corpo.
Sinto o calor do teu corpo aportar-me a energia que me alimenta, espero o teu abraço, quando chega tão próximo que te confunde comigo.

Os teus lábios entregam-me o mel da vida, sopro do divino que me enche a alma de alegria e acorda o corpo que arde de desejos por te possuir.
Este dia não tem limite de tempo, e nem mesmo a noite que termina no lado escuro da vida, consegue ocultar a luz do teu olhar, que me guia pela eternidade fora.

O teu corpo e o meu corpo



Sobre o meu corpo, o teu se fez mulher, em minha alma, a tua se adentrou, e como uma peça de quebra-cabeça, se encaixou. Eu, senti no momento que fazias já parte de mim, desde o início dos tempos.

Da metamorfose deixaste ficar as asas de borboleta, e deste o teu corpo a beber ao meu, que sedento, respirou cada milimetro de ti. No silêncio, feito de palavras escritas, aprendemos a sentir-nos, reconhecemos em cada frase, o êxtase de outros tempos, em que eramos unos.

O incenso queima o ar com os aromas da tua pele que imaculada, nunca toquei. Os meus olhos, cerrados, deleitam-se com o brilho dos teus que nunca vi, e as minhas mãos entrelaçam-se nas tuas, sem chegar a senti-las.

Nesta magia que nos envolve, a música é um laço imenso que nos abraça os corpos distantes, e enebria os sentidos que nos levam a voar pelo universo que existe entre o teu corpo e o meu, entre a tua alma e a minha, entre os teus lábios e os meus...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

No teu olhar


No teu olhar transportas os segredos de mil vidas, perdidas no tempo. Carregas em ti a minha imagem, a mensagem que deixei antes de nos separarem. Nesse olhar, antigo, que os séculos não conseguiram desgastar, estão guardados os instantes em que fomos apenas um.
Procura, em cada ser, desvendar, por entre as linhas escritas, os códigos, subliminares, e os ícones que abrem as portas do Universo. Procura, em cada corpo, os traços duma pele que outrora foi a tua, de uma fragrância que em tempos possuiste.
Chegou aqui, parou e olhou para esta amalgama de letras, frases escritas, textos misteriosos, a tua alma balanceou, teve dúvidas e não conseguiu as certezas, que no meio de todos estes caracteres, por entre estas linhas, encontram-se os códigos mágicos que te oferecem a chave dos céus.
Nas imagens, procuraste o mapa celeste, por entre as constelações de estrelas, que se rearranjam à tua passagem, temes encontrar num só local a porta e a chave que a abre, duvidaste que, após milénios de procura, viesse encontrar aqui, num pequeno grão de areia, na praia imensa da galáxia, o segredo, a mensagem, que completa, aquela que traz gravada na tua alma.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Meu amor e Teu amor

Este é o fogo das estrelas, paixão perdida atrás nos tempos que encontras na minha Noite. Amor fremente que te arde, qual fogo, no peito. Eu, aquele abraço imenso com que a escuridão brinda o teu corpo despido. Minha boca, em teus lábios vem murmurar recados dos sentidos que nascem no fundo das nossas almas. Tua respiração ofegante, quente, dissipa-se por todo o meu corpo, enquanto tuas mãos, maduras, correm os prazeres que, qual frutos de Outono, minha pele emana.

Neste bailado, as estrelas iluminam-nos e a Lua olha-nos, oferecendo-nos o seu brilho que se espelha nos olhos apaixonados de cada um de nós. Um suspiro solta-se e ganha asas, qual pomba, voando para o infinito, levando com ela laivos desse amor que paira sobre esta encantada noite que nos cobre, encobre e embala. Sussurro-te cada desejo, desenhando com palavras o Universo, nosso, onde cada estrela representa teu coração que palpita, cada galáxia a música que compões.

Meu amor, fonte inesgotável de sentimentos, que brotam, como água fresca que rasga a rocha para dar de beber à tua sede. Teu amor, aconchego, calmaria, lago de águas tépidas onde ancoro meu coração.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Espaço

Sombras e luzes, contornos suaves do teu ser. Espaço, vazio imenso onde me esperas. Na Noite rasgas o meu céu com a tua silhueta, abres-me o teu mundo com um pedaço de brilho. Alma pura, calor intenso que meu corpo absorve, naquele abraço apertado que o teu corpo me oferece.
Te amo, assim, na inexistência física de ti, na ausência permanente que me assola. É ar, puro e fresco, que as mãos moldam fazendo-te imaculada em minha frente. És estátua, simples olhar que preenche o vazio. Utopia platónica, singela flor que esparges teu perfume na madrugada fria de um Inverno.
Tocar-te será sempre a miragem de um dia intenso de calor, que meu corpo clamará em cada passo neste deserto da vida. Beber-te, será tão só uma idéia de água fresca que nasce nesse oásis dos teus lábios.
Sentir o toque da pele será apenas e só, o sonho de saber o gosto de ti na ponta dos meus dedos. Mas amar, é muito mais que tudo isso, é a sublime forma de querer ter a tua alma na minha de querer e poder te sentir em mim em cada segundo, e ter a certeza que amanhã serás completa e inteiramente minha.

Sonho

Entrego o espírito ao vento forte que sopra lá fora, dispo o corpo e deixo a alma voar, mesmo sem asas. A música adormece o que resta de mim, e as palavras soltam-se na ponta dos dedos. Deixo-me navegar por sonhos proibidos, espaços reservados que guardo na minha própria caixa de Pandora.
Desenho com as letras cada pedaço deste lugar onde repousam as magias, onde dormem os duendes e as fadas se refugiam quando esgotam os seus feitiços. Pinto com as cores da aurora os pedaços deste céu que me envolve. Liberto as letras em cascatas que se esbatem contra a superfície tranquila deste mar que morre placidamente na areia da praia.
Deixo à solta os sentidos, para que toquem os corpos dos que aqui vêm visitar-me, despertando-lhes as almas para a dimensão deste lugar. Aqui, onde o Sol nasce juntamente com a Lua e o dia coexiste com a noite. Nesta ambiguidade prazeirosa, os textos ganham forma de gaivotas que rasgam o azul, com riscos brancos.
Por aqui me perco, e me deixo ficar sempre que a vida lá fora me comprime, me empurra e me angustia. Este é o lugar secreto, onde me encontras sempre que não sabes de mim. Aqui vive a alma que não vês mas sentes, aqui, neste sonho proibido.