quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Momento...


Você é o sabor de canela que em meus lábios se derrama, o suave suspiro que preenche a minha cama. Você é a tarde de chuva em dia de Inverno, meu corpo que te entrego como fogo que arde na esperança que se perde no tempo.


É este momento, e teu olhar esconde tudo aquilo que me queres dizer, neste silêncio que a boca cala, mas o corpo em êxtase revela. É prazer em plena conversa, copo de champanhe que se derrama em teu corpo por mim aberto. Pedaço de chocolate amargo e doce que em teu ventre derreto.


É passeio em pleno lago, lágrima suspensa no momento da despedida, instante de prazer sublime que aos olhos da minha noite te ilumina. É loucura a que me prendo, lugar ausente no tempo, onde me escondo para não me encontrar. Segundo apertado e terno que em tua voz adormeço como criança em berço de embalar.


É o momento, aquele singular detalhe que ninguém em ti percebe, mas que meu olhar faz agitar, é o próprio silêncio que me acompanha enquanto escrevo, me leva daqui para outro lugar, és tanta coisa e simultâneamente nada, fada, duende encantada, que fugiu de uma história de crianças para se vestir por segundos de realidade.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Lembranças...

Um pássaro cruza o céu, planando leve, sobre o beijo, sobre o corpo, paisagem suave de colinas douradas. Lugar perdido onde me acho, momento em que te despes num mar imenso de prazer. O dia não passa de um raio de luz que revela a escuridão, a noite, um instante em que seguro o tempo nas pontas de dedos imaginados sobre tua pele.

Sou leve, como este beijo, como este anjo triste que em vocêhabita, lugar comum onde nos encontramos, amor em que nos preenchemos, palavras que em nossas bocas caladas se silenciam, letras brancas que escutam o lamento, o gemido e o prazer que nos damos. Nesta noite em que os braços se alongam para lá da eternidade, estou sozinho, dentro do meu corpo, tua alma me visita como lembrança distante de tempos imemoráveis.

Sou água, que teu corpo absorve, me preencho de você, da tua essência terna e pura, me alimento da tua energia que me aquece o corpo, me ilumina a mente e me dá de beber à alma. Entrego-me e em teu âmago deixo-me ficar, para sempre, em você repousar, como semente que espera o estio passar, para em teu mar me afogar, crescer e abraçar-te.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Tremor...


Sinto ainda os detalhes de um corpo que desliza por entre as pontas dos dedos, um instante de prazer que em teu ventre se perde, num toque suave entre as peles de corpos diversos. Percebo ainda os teus olhos cerrados em busca da luz que do fundo do túnel se eleva, como raio cósmico em direção ao fundo da tua alma. Sinto ainda o tremor suave de um corpo que estranhamente recebe o meu.


Escuto ainda os gemidos dos sentidos, quando me adentro em ti, o calor com que me abraça o prazer que me fazes sentir. Olho ainda cada ângulo de ti, como se fosse efetivamente um último instante, antes mesmo de voltar a ver o brilho do teu olhar num amanhecer do teu rosto na outra face da Terra. Pressinto agora o prazer com que me recebes em cada lugar, como se fosse o derradeiro encontro, porque depois virá outro dia e nada está definido à partida, e a chegada não se sabe se ocorrerá nesta vida.


Na ânsia de não me perder nos meandros do prazer sem ter preenchido cada pedaço de ti, entro nas tensas vagas deste corpo que não controla todo o Universo, apenas e só pequenos arrepios do prazer que me provocas. E tão inocente me deixo levar, sem saber onde parar, como e onde estar, em ti, contigo, aqui.


E mais uma noite me trás as palavras que te escrevo enlevo destes sonhos que te acordo, sem saber até que ponto posso e devo te tomar como minha, mas sigo, num caminho não demarcado, à beira de todos os precipícios sem saber onde vou chegar, sabendo apenas que em ti vou estar, permanecer, ficar.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Escrevo...


Te escrevo ao som do corpo que geme, que grita teu nome em prantos suaves de um carmim intenso. Te escrevo neste livro branco cheio de folhas vazias, como se desenhasse teu corpo em devaneios as minhas loucuras. Nesta carta expresso a você o meu amor, o ardor intenso que meu corpo em chama projeta no astro. Me sinto Iluminado por mil sois, estrelas cadentes, fulgentes que em minha alma se acendem.


Abro o meu peito, feito de magia, enfeitado de letras e frase em que a loucura me banha o limiar dos sentidos, como se quisesse aqui prender-te toda a noite, na magia e no encanto desta frase que lês, re-lês e escutas como ecos distantes da minha própria voz. Escolho os sons que gostas de ouvir, momentos intensos em que te consigo despir, apenas e só com o pensamento, com um suave tormento, arrepio intenso da tua pele desnuda que em meu texto transparente se deita e se entrega no êxtase do nosso amor.


Te escrevo esta carta com o amor que nos temos, com a vontade que a vida nos nega, mas que os sonhos permeia. Sentimo-nos nestes momentos, em que as folhas escritas por nós nos chegam, aconchegam o peito, e exaltam os corpos em paixões assoberbadas, noites caladas no silêncio dos gemidos, sentidos abertos, corpos perdidos. Entro em ti, como se trespassasse o tempo, te penetro o corpo, e me sente dentro de você, como se fosse exatamente como te escrevo, com a intensidade de um verso, com a força de um parágrafo inteiro que te acaricia os seios e te transtorna a líbido em ondas de um prazer absoluto.


Esta é a carta que te deixo, escrita em todos os tempos, numa linguagem ancestral que todos entendemos. O envelope onde te envio é a música que teus sentidos escutam, e ainda a noite vai alta quando me sente chegar, para te abraçar com se fosse um livro onde te fecho dentro.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Um sinal...

Há no tempo um lugar, um momento, um instante, um sinal de silêncio que invade os corpos e os despoja de roupas, de sentidos e de medos. Há no tempo um momento, um instante em que somos tudo aquilo que gostaríamos de ser, sem resquícios de tristezas, euforias ou desejos. Há neste tempo um instante em que paramos para olhar para trás, como se a saudade fosse já uma constante antes mesmo de partirmos.

Hoje, neste lugar feito de tempo, deixo os passos partir rumo ao futuro enquanto me sento, sobre mim próprio com vontade de um abraço teu. Hoje, neste lugar onde me espero, vejo aproximar-se o passado que segue em direção ao seu futuro, como comboio que passa sem parar nesta estação. Hoje, aqui mesmo onde estou, sinto a brisa leve do vento que segue rumo ao horizonte, sinto o perfume das pessoas que caminham envoltos neste lugar silencioso que me aconchega.

Deixo a música tocar, invadir a sala e dançar, sem corpos, como se aqui, neste mesmo lugar, o tempo tivesse feito uma pausa para só me encontrar. Fico a olhar, o desenrolar da vida em meu olhar, como filme que gira em torno deste lugar mágico onde sempre venho descansar. Sorrio e vejo a minha própria figura, inocente, irreverente, poeta louco e confuso, tcego, surdo, mudo e tudo, tudo isto me faz ficar, quieto, aqui neste lugar.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Chove...


Lá fora chove intensamente, cada gota desta água que escorre pelo corpo absorve a magia da alma. Sinto o frio, arrepio, ou simples tremer, que agita fortemente o ser quando a realidade me invade. Fico perdido, entre o cotidiano e o sonho, entre o prazer de sentir e o próprio sentimento. Sigo, e faço-me homem, de corpo vestido, sigo o ritmo, mas... mas sou mais que isso, que tudo isso que o próprio corpo carrega.

Não é fácil para a essência, ser apenas uma fragrância, ela é muito mais, é o verdadeiro início. Não é fácil ser um homem qualquer, quando se sabe que se é uma alma singela, equilibrada no éter da sua própria existência. Quando fundimos o cotidiano com o sonho algo se agita no Universo do nosso mundo, perde-se o equilíbrio, é preciso encontrar um novo centro de gravidade.

Misturar o divino com o profano, descaracteriza o ser, fazem em algumas vezes um mero vazio, nem homem nem deus, apenas nada. É preciso depois encontrar equilíbrios, balanços que permitam a existência desse novo ser, exclusivamente no plano Terrestre. Que ele não perca a asas e se agarre apenas à Terra, esquecendo-se das suas raízes celestes.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Não somos nada...


Inspiro a essência da tua alma que se espalha no vento frio que me faz tremer o corpo. sinto-me como se no inverno onde minha alma enfraquecesse, apenas você pode me fortalecer, com teu abraço de luz, teu sorriso encantado e o beijo doce que um dia me foi dado. O dia já despertou, e lá fora lá fora a vida continua e aqui, no centro do nosso mundo, tudo é brilhante na tua presença.

O fato de estar só não significa que esteja sozinho, apenas o corpo permanece aqui, fechado neste quarto ocupado por uma multidão de gente, a alma há muito saiu, deixando vazia esta casa abandonada. No teu corpo vivemos juntos, aconchegados um no outro, casa cheia de alegria, coração imenso cheio de paixão, amor e ternura. Por isso teus olhos brilham, por isso todos aqueles que se cruzam contigo vêm a luz do teu olhar, janela que reflete o brilho de duas almas num corpo só.

Meu amor, não é fácil que os outros percebam aquilo que somos, porque não somos o que está convencionado, porque não existe qualquer definição que enquadre neste mundo as sensações que se podem ter quando ambos vivemos dentro do mesmo corpo, o teu, que é simultâneamente meu. Por isso não somos nada, mas, somos efetivamente tudo aquilo que nos faz falta, aquilo que ninguém pode roubar-nos, aquilo que ninguém pode sentir, ou sequer entender, porque não se ve com os olhos do corpo, embora neles se reflita.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Sigo você...


Sigo você, como sombra de teu corpo que dispo em silêncio. Sigo você como pegada que deixa na areia molhada desta praia deserta. Sigo você como vento que te acaricia e te envolve . Em tua alma transporta um pedaço de mim, em teu corpo carrega as marcas dos meus dedos, que deslizam pelo teu perfil de mulher. Na tua voz carrega o meu silêncio e na tua boca o meu beijo, longo, demorado e úmido.


Minha língua percorre ainda teus seios, minhas mãos ainda te abraçam, em um instante, em um carinho, e me sente ainda bater em teu peito, como se fosse coração descompassado. Teu ventre sente ainda o calor do meu corpo, que amarrei em teu porto de abrigo, e esse rio imenso escorre, vem alagar teu mar de sensações profundas. Escuto ainda os gemidos que meus lábios calaram ao se colar nos teus, momento de êxtase que em minhas mãos segurei como cálice sagrado.


Sei que ainda sente a minha respiração em teu ouvido, como vento suave do deserto, quente e seco que te acaricia os cabelos, te invade a alma e te deixa para lá do sétimo céu. Te percorro, num instante de simples prazer, como espasmo controlado, silêncio em tantas bocas calado, que te arrepia e faz levitar, deixando teu corpo em meus braços, levando contigo a alma, num fluxo lânguido e intenso de energia que corta a atmosfera e te inebria. Te amo.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

De olhos fechados....


Um momento, um instante, uma imagem, um sentir. Saber de você, em mim, perceber teu palpitar, teu amor, teu olhar e teu desejo. Entender cada gesto, a ternura da tua voz, o cheiro do teu perfume, o sabor doce de teu beijo. Sentir a distância que me separa de você como um mar imenso, vazio, mas saber que posso nele mergulhar sem medo, porque mesmo não sabendo nadar, serei salvo. Se não o fizer, não me importo, porque em você morrerei.

O ar é a minha casa, fronteira que toca o oceano, roça suave sobre as ondas levantando-as, salpicando o teu corpo de maresia. Nas estrelas penduro minhas asas, e sobre a lua encosto minha cabeça, fecho os olhos para sonhar com você. Quando está em mim não quero despertar, temo que seja apenas um sonho, daqueles de encantar.

Posso fechar os meus olhos e jamais acordar, terei a certeza de te ter encontrado, tua boca já ter beijado e para sempre em mim você viverá, seja eu um corpo qualquer, ou apenas uma estrela neste imenso Universo. Não importa se já nada faz sentido, se o Sol já não brilhar e a vida for um completo vazio, depois de você, roubei a luz dos céus e deixei de olhar o tempo como um rio, para saber que o posso segurar em meus dedos enquanto me beija.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Teus lábios....


Meus dedos preenchem os espaços vazios entre os teus, como se completassem tua mão. Meus braços se enlaçam nos teus como se fossem raízes da mesma árvore, a minha boca cola-se à tua, como se fosse a água que me mata a sede, a minha língua percorre os teus lábios, contornando-os, como lápis de carvão que te desenha.


Sinto o calor do teu abraço, o meu corpo treme, você me pergunta se tenho frio, e em tal embaraço te digo que sim, mas tremo de emoção por em meus braços te ter. Os meus sentidos percorrem o corpo adivinhando os contornos do teu que se comprimem em mim, os braços apertam-te, numa delicada força constante, que te mantêm perto de mim. Venço meus medos e inseguranças e te beijo profundamente, como se nunca o tivesse feito, me entrego, me desligo do tempo e do espaço.


A música toca em ritmos suaves e os corpos ardem entre caricias e beijos somam um só desejo. Meus dedos descobrem teu corpo, explorando cada detalhe, absorvendo cada curva e traço como se quisesse de novo te moldar ou não houvesse antes Deus tê-lo feito a preceito. As bocas não se descolam e sentem cada detalhe do outro eu, sabemos os ritmos sincronizados deste baile que não dançamos.


Sente-se um fogo imenso invadir o ventre e em leves e sensíveis gemidos de prazer, te sinto chegar a mim, e juntos voamos para nosso Mundo, onde em comunhão sentimos o prazer tomar conta de nós, e o amor invadir a alma num banho quente e doce.