quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Um dia quem sabe....


Mergulho as mão no mar, como se quisesse aprisioná-lo entre meus dedos, como se desejasse fazer dele teu corpo, moldá-lo, senti-lo como se fosses tu. Escrevo sobre a areia molhada, os versos que não te disse, sentidos reprimidos pela frieza do quotidiano. As ondas quebram minhas frases, apagam meus desejos e arrefecem o corpo, molhado, arrastando para o fundo do oceano as esperanças escritas.

Abandono-me nesta praia deserta, esperando que a maré leve o corpo, pois a alma à muito partiu, quiçá me encontres ainda com a réstia de vida que faz bater o coração e alimentar a mente, mas, o espírito partiu, para uma viagem através dos desertos da eternidade, vales de sombras, florestas geladas, numa travessia da minha própria solidão.


Quando a alma se abre, como vela de um barco à deriva, recolhe em si todas as brisas, todos os ventos, enchendo-se, mas, a cada tempestade o pano cede às forças da natureza rasgando-se em pedaços, perde-se o rumo e o navio perde-se na solidão do vazio.

A Noite, traz com elas a estrelas e o silêncio que lhe permitem adormecer embalado pela suavidade das ondas.


Um dia quem sabe, se descubra a alma deste corpo, que jaz inerte sobre a areia da praia. Um dia quem sabe alguém seja capaz de lhe devolver a vida perdida. Um dia quem sabe...

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