sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Menina


Sinto ainda, o calor dos teus dedos que desenham os meus, sinto ainda o perfume da tua pele que penetra na minha, sinto ainda o brilho do teu olhar, escondido, que me entra pela alma, sinto ainda o gosto da tua boca, no beijo trocado, por entre lábios.
Escuto, a tranqüilidade da tua voz, plácida ternura do teu jeito, mulher, menina, sorriso aberto que os lábios escondem. Olho-te, na distância deste instante em que o teu corpo foi o meu, entendo, no momento, tudo aquilo que se fez de palavras escritas e hoje se faz de palavras sentidas. Menina, mulher, sinto ainda a textura dos teus cabelos roçar-me o rosto, o calor dos teus braços dançando sobre o meu dorso, a chama que arde, quando o teu corpo toca no meu.
E tu, adormecida, recebes-me, de braços abertos, com a inocência da infância, com a certeza da adolescência, com a segurança da maturidade, tranqüila. Embalada num sono suave, no mar das minhas mãos deixas o teu corpo, para te abraçar, deixas que a minha pele seja maresia, para te molhar, deixas que a minha boca seja fonte, para te dar de beber.
Neste sonho da realidade, dormes, sentindo-me, como este nevoeiro que me abraça o corpo, que abraça o teu, sempre.

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