
Teu corpo abandona-se às agruras da vida, tua alma mata a sede do prazer que te negam nas palavras deste suco, deste néctar que te ofereço. Juntos, somos uma noite qualquer, onde as estrelas se fundem com o brilho dos olhares que nelas se fixam estarrecidamente, perdidos, na esperança de se encontrar.
Provo-te a pele despida, sabor salgado de ti, gosto distante que me adocica os lábios e me deixa a boca sedente do teu ser. Devoro cada sulco, cada curva que desfaço, cada reta percorrida em nós, como se fosses a última corrida dum velho carro. Toco-te, na ponta dos meus dedos, como se fosses cordas duma viola inventada, pedaço de música encantada que me embala para adormecer.
Tudo isto, num segundo, um momento de imaginação, em que os dedos escrevem sozinhos e as mãos, geladas, se deixam conduzir para te tocar.
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