domingo, 2 de dezembro de 2007

Brisa


Inundas a Noite com os contornos suaves da tua pele. Perfumas o ar da fragrância suave do teu corpo, que me entregas, no crepúsculo deste lugar, que é nosso. Em minhas mãos derramo os fluidos que entrego sobre ti, numa carícia prolongada, tranquila. Sobre a cama, estendes-te qual planura sem fim, que percorro com os dedos úmidos, em movimentos ritmados, cavalo adestrado caminhando a passo lento sobre terra virgem. Sinto cada sulco do terreno, cada protuberância desta escultura corporal que amasso ternamente, escultor que recorda a obra feita em desenhos sobre o ar fresco da manhã. Sobre o ambiente carregado de essências, murmuro palavras antigas, memórias esquecidas dum tempo em que a magia era música constante entre nós. Num tempo em que os corpos se alimentavam da carne fresca que possuíamos, possuindo-se até à exaustão. Hoje, venho aqui, ao passar constante de cada Noite, deitar-me sobre o teu corpo desnudo, acariciando-o, numa massagem revigorante que te desprende a alma e te entrega asas para voares. Vivo das lembranças, dos sentimentos, das saudades da tua pele sobre a minha, do teu perfume sobre o meu. Hoje, sou apenas uma brisa, que sentes na Noite escura, afagar-te o corpo nu, que te recorda o passado e te dá esperança no futuro. Hoje, como sempre desde que parti, venho visitar-te, a cada Noite, para matar saudades.

Nenhum comentário: