terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Guarda-me


Fechas o corpo sobre ele próprio. Guarda-me no teu âmago, como o silêncio guarda os sons que mais gosta. Fechas-te na sombra do dia, para recordares a Noite. para lá da janela fechada a luz queima o olhar. Aqui, sentes-te abraçada por mim, e eu, sinto-me dentro de ti. São assim os nossos encontros, fugazes como o relâmpago, intensos, como a tempestade. Nada se escuta, apenas na mente ecoam as nossas conversas, falam as almas no som deste silêncio. E conta-me, e dize-me, e ama-me, aí mesmo, dentro de ti.

O teu grito silencioso chega-me no primeiro raio de luz da manhã. Escondido de sombra em sombra, salto de galáxia em galáxia, por entre dimensões até encontrar o teu corpo, despido que espera por mim nesse canto perdido . Chego, afago-te os cabelos de seda, toco-te a pele canela, perfume, essência de mim. Beijo-te os lábios carmim, e entro em ti, deixando o meu corpo ficar à tua porta, encostado ao teu, num abraço profundo.

Entre as brumas, dançam as almas, ao som deste tango intenso, sensual, falamos, sentimos-nos, beijamo-nos e deixamo-nos estar entre dois mundos diversos, aproveitando a pausa que o tempo tirou para mudar de segundo. Tudo parou menos nós, lá fora os nossos corpos congelaram o instante num abraço, aqui, no nosso mundo selando-no com um beijo.

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