quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Caminhando


Num monte junto as poucas coisas que consegui. Guardo na alma a maioria dos instantes, na mente conservo as palavras e na pele levo os cheiros, essências de uma vida inteira. Nos olhos, carrego em cada lágrima as imagens deste instante, momento de vida, sopro do destino que me trouxe aqui.
Não levo mapa, não traço rotas, limito-me a seguir o caminho. Nas costas carrego o passado, pela frente estende-se o futuro, sou um caminhante, de passagem para outro lugar qualquer. Faço uma pausa entre vidas, percorro o curto caminho incerto entre elas, como um fio, que liga os novelos, destinos entrançados em muitas vidas, pedaços de todos e cada um de nós e de vós.
Preparo a alma, para atravessar o deserto, vazio de vida, cheio de eus, questões e dúvidas por explicar, instantes e momentos por saborear, dores e males por sentir. Preciso compreender a informação que recolhi, tratá-la e aprender com todos os erros cometidos, com todas as lições recebidas.
Deixo atrás as histórias, montes de palavras, sentidos atados em fios de seda, sensações, toques e emoções acordadas em mim, por todos, despertas em vós, pelas letras que calmamente teci. Não me despeço porque não parto, despeço-me apenas porque fico, fico, calado, em silêncio. Falo para mim, escrevo-me, desenho-me e esculpo-me, preenchendo o interior que se foi esvaziando a cada frase, a cada beijo, a cada carícia.
Restauro as cores que o tempo empalideceu, reparo os buracos da alma, saro as feridas abertas, lambendo-as. Deixo-me ficar, por uns tempos, em mim!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Amam-se


Amam-se as letras em singelas palavras, frases feita de sentidos por tocar, de gostos por revelar.
Amam-se as almas em laços ternos de suave cetim, profundo instante em que te amarras em mim.
Amam-se os corpos solvidos na paixão que o tempo não pode apagar, no abraço terno sem pensar.
Não há noite como a tua, não há dia em que não sejas única e exclusivamente minha. Não há música que não te toque, com os dedos que são meus. Danças, soltando o corpo, numa imagem que fixo na memória do tempo. Sigo-te na cadência de teus movimentos, acompanhando-te sem te tocar, meu corpo persegue o teu, sem se encostar.
Somos vida, luz, amor e cor, como raios de um único sol. Somos água quente e fria, que se tempera na fusão das paixões. Somos tudo, somos nada, mas ainda assim não podemos deixar de ser. És a boca com que falo, as letras com que escrevo, o passado que me segue e o futuro que me espera.
O nós espera pelo tu, pelo eu, para que juntos possamos completar o caminho para a próxima eternidade.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Oscilações

Oscilações da alma, a realidade prende o sonho com correntes pesadas. Teme perder o rumo, a cabeça, a racionalidade. Mas o desejo chama-nos de uma outra dimensão, dia após dia, Noite após Noite.

Cedemos, deixamo-nos levar. Não, não podemos, temos de racionalizar. Amo-te, minha luz de letras feita, mas não posso, não devo fazê-lo. E a realidade? Afinal és apenas um sonho de uma noite de verão. Não quero pensar-te, mas... preciso de ti!

Eu, aqui sentado neste cadeirão envelhecido pelo tempo, escuto as tuas ondulações, sinto os teus passos em frente, atrás. Acompanho-te nas hesitações, quando me amas, e quando decides que já não me queres.

Não flutuo, mantenho-me firme na convicção de seres para mim quem és! Sei perfeitamente o que é para mim, e o sentido que fazes na minha vida, na minha eternidade. Sei de onde vimos, tenho a certeza do caminho que temos a percorrer, mas não vou desviar-te da tua realidade, afinal ela é limitada à vida do teu corpo, e esse jamais será meu, mas... a tua alma pertence a minha e jamais irá a lado algum sem me levar com ela. Te espero, no silêncio da Noite, abrigado entre as estrelas de onde te observo embrenhada da tua pequena realidade.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Guarda-me


Fechas o corpo sobre ele próprio. Guarda-me no teu âmago, como o silêncio guarda os sons que mais gosta. Fechas-te na sombra do dia, para recordares a Noite. para lá da janela fechada a luz queima o olhar. Aqui, sentes-te abraçada por mim, e eu, sinto-me dentro de ti. São assim os nossos encontros, fugazes como o relâmpago, intensos, como a tempestade. Nada se escuta, apenas na mente ecoam as nossas conversas, falam as almas no som deste silêncio. E conta-me, e dize-me, e ama-me, aí mesmo, dentro de ti.

O teu grito silencioso chega-me no primeiro raio de luz da manhã. Escondido de sombra em sombra, salto de galáxia em galáxia, por entre dimensões até encontrar o teu corpo, despido que espera por mim nesse canto perdido . Chego, afago-te os cabelos de seda, toco-te a pele canela, perfume, essência de mim. Beijo-te os lábios carmim, e entro em ti, deixando o meu corpo ficar à tua porta, encostado ao teu, num abraço profundo.

Entre as brumas, dançam as almas, ao som deste tango intenso, sensual, falamos, sentimos-nos, beijamo-nos e deixamo-nos estar entre dois mundos diversos, aproveitando a pausa que o tempo tirou para mudar de segundo. Tudo parou menos nós, lá fora os nossos corpos congelaram o instante num abraço, aqui, no nosso mundo selando-no com um beijo.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Tua alma gêmea


Olhas o céu, numa procura constante da tua alma gêmea. Pergunta-me, na brisa do vento "-Será você, Noite?". Olha cada estrela tentando ver teu brilho, no seu jeito de cintilar. Eu te abraço com longos braços de escuridão, salpico o teu céu de pequenos brilhos, letras perdidas no pano imenso desta Noite. Escuto as tuas dúvidas, percebo os teus anseios, descubro os teus segredos, menina, infinitamente doce.

Cresces comigo, lendo nos mistérios do firmamento, respostas que te levantam novas dúvidas, certezas que te fazem caminhar em direção ao meu peito. Amor é a palavra certa, a que devemos usar para entender aquilo que procuramos, aquilo que descobrimos no seio da noite escura. Amor, aquilo que te ofereço, em cada estrela que cai em direção ao teu peito.

Sabes, pequena estrela, há perguntas que não se respondem, pois ainda antes de as formulamos já sentimos a resposta, dentro de nós. Mas temos medo, medo de nos termos enganado e estarmos caminhando à deriva em torno do nada.

Então, menina mulher, já sabe a resposta, ou não?!

sábado, 15 de dezembro de 2007

Abre teus braços...

No silêncio da noite, abre teus braços para receber a minha alma. Teu corpo despido, coberto com esse véu translúcido que suaviza os contornos da tua pele, abre-se para mim, oferecendo-me o prazer, o calor, a alma, que brilha no teu centro de gravidade. Venho, com a sede nos lábios, beber da tua boca, o gosto suavemente quente da tua língua que se enrola na minha.

Nesta noite, o meu corpo cola-se no teu, sentindo-te o coração acelerar, olho-te profundamente nesse azul, vislumbro nele o mar imenso que retens no teu olhar. Ficamos ali, quietos, frente a frente, num instante, num momento, olhos nos olhos, corpo no corpo, alma na alma. Paramos com um simples toque a realidade que se separa, diverge desta dimensão, deixando-nos sós, no nosso próprio Universo.

Perdemos a noção do tempo, esquecemos o espaço à nossa volta, somos apenas uma corrente de energia que flui, entre corpos colados, abraçados, sentindo-se, transferindo, trocando emoções em olhares fixos.

Fechamos os olhos, e beijamos-nos, intensa e prolongadamente, até que o dia amanheça...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Um Instante no Tempo


A eternidade é um estado de alma, um instante no tempo em que o corpo se perde e apenas a alma sobra. Neste espaço infinito, viajo por todas as dimensões, o corpo feito de energia, luz pura, risca este túnel entre os tempos em direção a ti.

Te encontro, espalhada por vários corpos, em diversas épocas ao longo desta história imensa. Em cada uma delas, eu sou um personagem diverso, mas sempre próximo, por vezes muito próximo de ti.

Sabes, estou sempre aqui, no lugar onde vens a cada noite sonhar, neste mundo perdido que visitas ausente do teu corpo, onde a leveza é o teu próprio ser e a beleza a tua própria alma. Eu, sou apenas o espaço, a tranquilidade e a paz que encontras no centro de ti própria.

A Noite é o instante propício em que os silêncios abafam a realidade e o corpo permite ao espírito evadir-se-lhe, abandonando-o por algumas horas em troca do seu próprio descanso. O momento de magia inicia-se na penumbra do entardecer, quebrando-se apenas com a aurora, o amanhecer.

Somos o passado e o futuro do outro, não temos presente, mas sonhamo-lo a cada sono, há espera do amanhã que está por vir.

Um suspiro


Suave o toque das penas sobre o corpo despido. Dormente a alma embrulhada no tecido translúcido que te envolve. Silêncio prometido por entre este lago de águas tranqüilas onde teu corpo descansa. Repousas, assim adormecida, qual bela fantasia por mim criada, qual prazer escondido por entre mil páginas dum livro outrora escrito.

Brisa quente, que derramas por entre a folhagem da floresta. Odor premente que me empurra para junto do teu corpo, ardente, o fogo que emanas, queima a ponta de meus dedos ao te acariciar a pele. És vida, quarto crescente duma lua desenhada a carvão na tela branca da Noite, escura.

Música de embalar, perfume, bálsamo ou elixir, que me prolongas a vida e me acrescentas o prazer. Olhar para você é contemplar a luz a olho nú, sentir-te é tocar a eternidade, amar-te é preencher todos os vazios com um simples suspiro teu.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Caminho na Eternidade

Caminho, na eternidade dos tempos, numa estrada sem fim, procurando-te a cada curva do caminho, detrás de cada árvore, em cada flor, em cada pássaro. Há momentos em que as forças me falham, sucumbo ao esforço de séculos de caminhada, mas, sempre sopra uma brisa, que me dá novo fôlego, levanto-me e prossigo.

Hoje, enquanto caminhava, envolto na música que ecoava na minha mente, sob o Sol deste final de Primavera, senti um leve toque sobre o meu braço, que me fez acordar da realidade. Senti-me entrar num mundo novo, olhei, e vi-te, pousavas-me na mão, batias as asas para me acariciar a pele, e chamar-me a atenção.

Trouxe-te ao nível dos meus olhos e olhei para dentro dos teus... nesse instante, todo o mundo em nosso redôr se evaporou, deixando-nos a sós, o teu corpo, frágil, fez-se mulher, sobre os meus braços e como que saída de um conto de fadas, estavas ali, olhando para dentro de mim, e eu, te deixei entrar, abri a porta da minha alma, e tu deixaste-te ficar...

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Mar

Caminho, sobre a areia molhada da praia, os pés moldam marcas que deixo para trás, as ondas refrescam o corpo e a brisa desta manhã acaricia-me a face. Caminho, para lugar nenhum, nesta extensão de terra imensa, paralela à imensidão do oceano extenso. O céu, coberto de nuvens que se entrelaçam rasgando-se aqui e ali para deixar passar os raio do Sol, trás-me à memória imagens do passado.
Caminho, sem destino marcado, o tempo avança a meu lado, companheiro inseparável desta viagem, deixar-me á pelo caminho, quando as minhas forças se esgotarem e as dele, eternas, o levarem para além do infinito.
Horizonte longincuo, limite do meu olhar, deixa-me adivinhar o que está para lá de ti, para não ter de caminhar, incessantemente, para nenhum lugar. Paro, deixo o corpo cair sobre as ondas do mar, deixo o oceano envolver-me, perder-me, no azul deste lugar, sentir a água cobrir o rosto molhado pela maresia, sentir um arrepio na espinha.
Fico aqui, olhando o fundo, sentindo a vida expirar, o corpo arder, no frio deste mar, deixo-me arrastar até ao leito, para sempre, vou voltar, ao meu lugar...

domingo, 9 de dezembro de 2007

Visito-te

Visito-te, em mais uma noite, procuro por entre as estrelas o caminho que me conduz a ti. Encontro-te, na beira de um lago de águas tranqüilas, olhas o céu, a Lua espreita o teu corpo desnudo por entre o rasto das nuvens, e eu escondo-me por entre as árvores. Fico ali, descobrindo as diversas tonalidades da tua pele, este é mais um quadro que quero guardar de ti, mais uma tela que penduro nas paredes da minha alma. A natureza invade a atmosfera com sons e perfumes, a esta distância, pareces uma Deusa que veio adormecer nas margens, deliciando-se com a frescura da brisa da noite. Espero que adormeças, e quando os teus olhos se fecham, vôo suavemente sobre a superfície das águas. Paro mesmo a teu lado, as minhas mãos, percorrem, sem te tocar, o teu corpo, inalo o perfume da tua pele, e a minha respiração cobre-te. Deixo-me estar, junto do teu corpo, tentando adivinhar para onde foi a tua alma, a noite percorre o seu caminho e a Lua acaba adormecendo no horizonte. A nascente, a madrugada anuncia o rasgar do dia, o meu tempo está a esgotar-se, quero ficar, mais um instante, quero sentir-te perto de mim, por mais um momento, mas a luz vai deixar-me sem asas, converter-me num ser comum, tenho de voltar, ou perder-me-ei para sempre. Na suavidade do que resta desta noite, deixo-te um beijo, despeço-me de ti, regresso a mim...

sábado, 8 de dezembro de 2007

Espectador


Suspendes o corpo, num fio de seda que atei às estrelas, nesta noite que nos abraça. Abres mão da alma, como último recurso para a libertação. Vejo-te voar, qual pomba branca sobre o fundo negro das tempestades, és pureza, uma divindade que carrega nas asas a salvação do amor eterno, afastando-o das tormentas do cotidiano.
Eu, sou mero espectador, sentado na poltrona da platéia, assisto ao melodrama do dia-a-dia, que se desenrola com fim anunciado para um instante qualquer. Os personagens debatem-se com as amarguras, agruras dos dias que se sucedem em fios de navalhas que cortam a direito os corpos que não possuem. A felicidade é uma luz, que se acende em breves instantes entre cenas e tu, esvoaças acima do palco, imaculada na brancura de tuas penas, leve como a brisa do vento norte.
Batem-se as mãos em palmas anunciadas no desenrolar do contexto desta peça de vida, pedaço de nós que desfilou ante olhares atônitos, umidos, lacrimejados, que se abraçaram a sorrisos instantâneos que consumimos como o fogo consome o papel, onde escrevemos o guião. E tu, agora bailarina, despida, pairas sobre a última cena, pendurada, sobre a corda que te salva a vida, mas te amarra a alma.
O espetáculo termina, e eu, adormeço o corpo na cadeira da vida.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Menina


Sinto ainda, o calor dos teus dedos que desenham os meus, sinto ainda o perfume da tua pele que penetra na minha, sinto ainda o brilho do teu olhar, escondido, que me entra pela alma, sinto ainda o gosto da tua boca, no beijo trocado, por entre lábios.
Escuto, a tranqüilidade da tua voz, plácida ternura do teu jeito, mulher, menina, sorriso aberto que os lábios escondem. Olho-te, na distância deste instante em que o teu corpo foi o meu, entendo, no momento, tudo aquilo que se fez de palavras escritas e hoje se faz de palavras sentidas. Menina, mulher, sinto ainda a textura dos teus cabelos roçar-me o rosto, o calor dos teus braços dançando sobre o meu dorso, a chama que arde, quando o teu corpo toca no meu.
E tu, adormecida, recebes-me, de braços abertos, com a inocência da infância, com a certeza da adolescência, com a segurança da maturidade, tranqüila. Embalada num sono suave, no mar das minhas mãos deixas o teu corpo, para te abraçar, deixas que a minha pele seja maresia, para te molhar, deixas que a minha boca seja fonte, para te dar de beber.
Neste sonho da realidade, dormes, sentindo-me, como este nevoeiro que me abraça o corpo, que abraça o teu, sempre.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

No teu silêncio

És tu, que no teu silêncio me escutas, que na tua distância me sentes, que na tua solidão me esperas. Sou eu, aquele que voa pelos céus ao teu encontro, que a cada Noite te abraça no vazio da tua alma, que a cada dia dorme em ti.

Teu corpo abandona-se às agruras da vida, tua alma mata a sede do prazer que te negam nas palavras deste suco, deste néctar que te ofereço. Juntos, somos uma noite qualquer, onde as estrelas se fundem com o brilho dos olhares que nelas se fixam estarrecidamente, perdidos, na esperança de se encontrar.

Provo-te a pele despida, sabor salgado de ti, gosto distante que me adocica os lábios e me deixa a boca sedente do teu ser. Devoro cada sulco, cada curva que desfaço, cada reta percorrida em nós, como se fosses a última corrida dum velho carro. Toco-te, na ponta dos meus dedos, como se fosses cordas duma viola inventada, pedaço de música encantada que me embala para adormecer.

Tudo isto, num segundo, um momento de imaginação, em que os dedos escrevem sozinhos e as mãos, geladas, se deixam conduzir para te tocar.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Brisa


Inundas a Noite com os contornos suaves da tua pele. Perfumas o ar da fragrância suave do teu corpo, que me entregas, no crepúsculo deste lugar, que é nosso. Em minhas mãos derramo os fluidos que entrego sobre ti, numa carícia prolongada, tranquila. Sobre a cama, estendes-te qual planura sem fim, que percorro com os dedos úmidos, em movimentos ritmados, cavalo adestrado caminhando a passo lento sobre terra virgem. Sinto cada sulco do terreno, cada protuberância desta escultura corporal que amasso ternamente, escultor que recorda a obra feita em desenhos sobre o ar fresco da manhã. Sobre o ambiente carregado de essências, murmuro palavras antigas, memórias esquecidas dum tempo em que a magia era música constante entre nós. Num tempo em que os corpos se alimentavam da carne fresca que possuíamos, possuindo-se até à exaustão. Hoje, venho aqui, ao passar constante de cada Noite, deitar-me sobre o teu corpo desnudo, acariciando-o, numa massagem revigorante que te desprende a alma e te entrega asas para voares. Vivo das lembranças, dos sentimentos, das saudades da tua pele sobre a minha, do teu perfume sobre o meu. Hoje, sou apenas uma brisa, que sentes na Noite escura, afagar-te o corpo nu, que te recorda o passado e te dá esperança no futuro. Hoje, como sempre desde que parti, venho visitar-te, a cada Noite, para matar saudades.

Encontrar você!

Na penumbra do quarto sinto-te o corpo fremente, a alma ilumina-se, salta-te do peito em raios de luz. Ilumina-se a escuridão e nascem as sombras, vês-me sem me tocares, sentes-me, presença constante, caminhando a teu lado ao longo dos dias, amando-te pelas noites fora.
Meu corpo invisível é trespassado pelo brilho do teu ser, reconheces-me apenas pela sombra que projeto sobre tua pele despida.
Sentes o calor dos meus lábios cruzando os teus, e a intensidade do mar dos meus olhos quando vem molhar as areias das tuas praias. De minhas mãos recolhes o tato com que te acaricias, sentindo-te minha a cada toque.
No âmago de ti recebes meu corpo inventado, abraçando-o, deixando-o completamente entregue em teu corpo úmido de prazer.

Sinto no ar o perfume da tua pele, como se tivesses vindo até mim, como se estivesses aqui, minhas mãos deslizam no ar, contornando teu corpo acabado de criar. Pura magia, aquela que te faz viajar, até mim. Sonho, utopia, ou simplesmente vontade de te encontrar.