terça-feira, 1 de abril de 2008

Encontrar-me...


Hoje, entrego-me no fluxo das palavras, esquecendo as imagens, os corpos, alimentando a alma apenas da brisa dos ventos, da luz da Lua, e dos sons que nela se dispersam com a suavidade desta Noite. Hoje, não tenho corpo, apenas a alma prevalece. Esvoaça por entre as nuvens, acima delas, nos limites da atmosfera deste mundo real, afogado em dramas constantes, sustentado por alegrias suaves que se dissolvem em lágrimas de chuva.

Hoje, não sou eu, sou etéreo, solvente, música que ecoa pelos vazios, por entre árvores e caminhos, tocando os corpos, procurando as almas que se perderam por entre os mantos de nevoeiro do cotidiano. Hoje sou barqueiro que navega, por entre rios de prantos, estendendo a mão da salvação que não encontro para mim aqueles que necessitam de amparo.

Hoje, entre os Céus e os Infernos, visto-me de anjo perdido, na eterna ânsia de me encontrar, chegando a casa, chegando a mim. É no ritmo das palavras que encontro o espaço que me falta, a luz que me ilumina e o conforto que não encontro deste o início dos tempos. Deixo-te, a réstia de luz que te conduzirá a mim, deixo-te a palavra estendida, como a mão que estiro na tua direção, à espera que teu corpo consiga tocar-me a alma, à espera que tu consigas encontrar-me.

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