quinta-feira, 3 de abril de 2008

Como uma melodia...


Seguro na palma da mão o retrato que a minha memória guarda de ti. Desenho-te sobre o ar vazio, ilumino o teu rosto desconhecido. Me encontras, mesmo quando não te procuro, quando fico em silêncio, escondido dentro de mim. Sabe que estou aqui e isso te basta, te é suficiente, equilibra o teu cotidiano com um leve traço de loucura. No meio deste nada, te encho a alma com sentidos, me sentes como se fosse real, me amas como se fosse teu, mesmo sem me tocares.

Pego na tua silhueta e a levo, voas comigo entre a folhagem alta desta floresta inundada de sonhos, pensas-me real, mas sabes que sou apenas imaginação, algo que se desvanece na plena luz do dia, quando as nuvens toldam o horizonte e fazem do teu dia um pesadelo. Sou o sopro dos teus próprios lábios, o beijo da tua própria boca sobre o teu próprio corpo, sou teu, e sou tão simplesmente nada. Não me escutas porque nunca ouviste a minha voz, imagina-la como melodia celestial, um toque, uma música.

Esperas que chegue montando uma constelação inteira de estrelas, qual príncipe encantado que te rouba às garras do dragão, qual mito encastrado em tua própria alma. Mas afinal, sou apenas um sonho, que noites a fio passas na tela do teu desencanto, uma só melancolia, ou tão somente um drama no próprio palco da tua vida.

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