segunda-feira, 20 de abril de 2009

Acordei e ainda te sinto...


Esta noite senti meu corpo se desdobrar, lentamente me dissolvi, alcei voo em direção as estrelas, em meio ao horizonte de espaços perdidos, senti o reflexo da lua em minhas asas. Em meio a um profundo silêncio que envolvia a madrugada, ouvi teu chamado, senti tua presença e segui em tua direção.
Por entre sonhos e desejos perdidos, nos embalamos na brisa suave da madrugada, tua essência toma conta do espaço até então desconhecido, me envolvo em teu perfume e suavemente toco tua pele com a ponta de meus dedos, sinto teu corpo se estremecer, se arrepiar, de olhos fechados sigo em direção a tua boca, teu gosto se mistura ao meu. O tempo para por alguns instantes, o suficiente para que as palavras fiquem no silêncio dos dedos que agora registram nosso encontro.
Em meio ao sonho e a realidade que vivemos entendo a dimesão de nossos sentimentos, entendo que mesmo distantes sinto teus passos e teus pensamentos que pairam sobre os meus. Tudo que vivemos nos torna especiais, mesmos sendo mortais vivemos o encontro do passado.
O tempo volta, os primeiros raios de sol anunciam o final da madrugada, regressamos lentamente aos nossos corpos, ainda permanece no ar a sutil energia que nos envolve. Guardamos em nossos olhares a esperança que voltaremos a nos encontrar, para um novo abraço, um novo beijo e novamente a sentir o sabor de nossos corpos que o tempo não apaga. Acordei ainda te sinto...

domingo, 12 de abril de 2009

Viagens...

Estas viagens entre mundos deixam a minha mente exausta e quero apenas ficar aqui, onde esta água me completa, me recorda os primórdios do meu tempo. Aqui mergulho o corpo na água tépida deste mar interior. Adormeço sobre a tranquilidade que me inunda. Não sei mais quanto tempo fico aqui, já não regresso dos sonhos, deixando de parte toda a realidade. Não sei já o que sentir, como perceber os caminhos a trilhar.

Me afogo neste oceano que a cada intante me leva, me abraça como mortalha liquida. Sinto saudades, e espero que ao me afundar neste imenso azul, eu alcance as profundezas do teu corpo como outrora, num suspiro suspenso em meus lábios. Te beijo a boca que não se fecha neste abraço, e deixo de respirar como se sufocasse cada sentido em direção ao teu ventre.

Sei que não está aí, sei que partiu para qualquer outro lugar, mas de qualquer forma me deixo ficar. Perco a noção do espaço, do tempo, e a realidade faz-se agora de visões de outros mundos que desfilam como se voasse em direção a lugar nenhum, escuto a voz que me chama, mas não sinto o apelo da tua pele que se entranha em meu corpo vazio.

Percebo que não contenho a tua essência, mas que tu levaste toda a minha magia contigo, sorveste cada pingo da minha existência, deixando meu cadáver vivo para definhar nos anais do tempo. Sou a prova de que a vida continua mesmo depois da alma partir, e você o Sol que marca a linha do horizonte quando o dia adormece e a noite vem para me trazer a minha própria solidão.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Contemplar...

Acordo com seus raios de Sol que suavemente abrem os poros dos meus sentidos. As mãos se elevam e de repente estou desperto. Olho em redor tentando perceber onde estou. Não sei como cheguei até aqui, não sei onde estou, mas sinto uma forte presença de sua alma.

Me levanto e caminho até uma porta. Lá fora a luz me ofusca, preciso de um instante para me habituar a tanta claridade. E sentada sobre a areia da praia, ali você está, contemplando este mar azul que se estende até ao infinito, os teus cabelos esvoaçam ao vento, como fitas finas de cetim.

Percebo o contorno delicado do teu corpo que despido se expõe ao calor da manhã. Teus pés banham-se na água das ondas que os vêm te beijar com a suavidade deste dia. Sento-me no alpendre em silêncio, apenas sentindo a brisa que trás até mim o teu perfume e um arrepio me envolve com tua essência.

Mas agora estou aqui, sentado, te contemplando, olhando ter corpo se enrolar no mar enquanto mergulha. Sabe que aqui estou, sem me ter olhado. Como uma sereia se entrega ao mar para este te embalar.

sábado, 4 de abril de 2009

Embalo...

Como barco desgovernado, sigo o curso deste rio que é teu corpo, sigo a corrente que se agita e me leva numa viagem plena de sentidos por todo esse mar. Te sigo onde quer que vá, como vagabundo perdido em ti. Sobre a areia dessa praia secreta, enseada escondida onde te entrega a mim, te envolvo em meus braços, embalo teu corpo despido, como escultura de areia macia que em minha pele adormece.

Da música retiro os sons que adormecem tua alma, dos livros as letras com que te escrevo, como poema inacabado, que a cada dia te entrego, como lágrima derramada na face seca e envelhecida.

Saudade ou simplesmente cansaço pela espera que em ondas me alterne, como este oceano que em mim se agita, em marés que me levam e me trazem como despojo de naufrágio em praia perdida. E no silêncio que me corpo encerra, guardo os segredos do teu, momentos em que os dedos resvalaram por tua pele, como gotas de maresia que agora em mim se depositam.

O tempo segue em direção a lado nenhum, e aqui ficam as letras que registram as lembranças, recordações de instantes por viver que tão reais em nós se fizeram que sentimos tê-los já vivido.