sábado, 28 de março de 2009

Criação...

A Lua permanece fechada nesta noite. O seu brilho mágico, mas acanhado extasia o meu olhar. Regresso ao instante da criação, momento de pura e simples magia. Descubro na ponta dos dedos a capacidade de te criar com as minhas mãos. No ar desenho traços soltos que se vestem com os contornos do teu corpo. Com o calor do fogo esculpo lentamente um corpo feito do nada como se soubesse as formas e as cores e percebesse os teus sentimentos. O espaço que ganha forma entre meus braços, naquele terno abraço.

Na boca coloco um sorriso e dos lábios desprendo letras que não digo, as escrevo como se quisesse que me escutasse. Sei que a brisa imensa deste oceano acabará por transportar os sentidos, e, num banho de mar, sentirás na tua pele o desflorar do meu corpo em teu âmago. Sei que, onde quer que me escute, sentirás o suave silêncio da minha voz, que te canta, na melodia desta noite, as canções que nunca escrevi.

Os teus sentidos acordar-te-ão para um novo amanhecer e será luz, que num novo dia se fará de brilho ofuscante, serás Sol o que nasce pela manhã, e eu, serei apenas o reflexo do teu brilho, que noite após noite te recorda que amanhã haverá mais um dia, porque o teu Sol, continua a brilhar, mesmo quando o não vê.

sábado, 21 de março de 2009

Sol e Lua


Através de sonhos crio palácios encantados, nas pontas de meus dedos, desenho teu corpo, faço teus traços e te dou vida, neste lugar que criei você é rainha de um reino perdido nos tempos, lugar de deuses e magia. Teu olhar como um raio ofusca minha vista, minha alma perturba se perturba. Teu corpo, teu perfume, me transforma. Tua voz, timbre adocicado que em minha mente ecoa como cântico suave de sereia.

Em uma noite quente de verão, você invade o meu quarto e me oferece o corpo e eu te peço com ele a alma. Ama-me na penumbra desta noite, e me deixa ficar com o sabor da tua pele na minha boca, com o perfume de teus cabelos na minha mente, com a essência da tua alma em meu peito.

Em mim ficamos os dois, em nós reside um corpo só, no vazio imenso de um mundo antigo, empoeirado e triste. O peito rebenta de prazer, e as essências espalham-se por todo o meu ser. Em mim habita, numa eternidade sem tempo, num lugar escondido, dentro da minha alma.

Perdem-se os corpos, mas a alma sobrevive aos tempos, viajando de corpo em corpo até este momento.

Será eternamente a rainha do Sol, e eu a sombra da Lua que te persegue.

domingo, 15 de março de 2009

Fogo.......


Aqui neste lugar onde a Lua brilha, deixo partir meus sentidos, deixo a alma seguir e abandonar meu corpo, como se despisse de mim. Os pensamentos assolam a carne que frágilmente se cede e cai no chão úmido, em um segundo a força dos sentidos reboca a alma para o infinito. Aqui neste mundo das sombras, sou uma pequena luz, estrela solitária em pleno firmamento, centelha que brilha na escuridão da noite, como faísca que serve de ignição para uma explosão de magia.


De meus dedos imaginários nasce uma bola de fogo azul, como se a água subitamente queimasse a pele, um pequeno globo de mar a fervilhar, te solto como a água que se precipita em uma cachoeira, e flui por todo o meu ser me diluindo em ti. Invade-me com o teu mar azul, fogo ardente em tons de gelo eterno, que sustenta e anima o meu ser, perfumando o ar escuro desta eterna noite onde a lua brilha, me faz lembrar dos dias em que não te tive. É o elixir da vida, gota mágica que me reanima, me fortalece e sustenta, em um ciclo mágico que nos mantém juntos desde os princípios dos tempos.


O corpo não resistiu às emoções, ao tempo, e, colapsou, caindo sobre os joelhos, num grito agonizante que marcou o seu fim. Mas, a alma, se soltou em um salto gigante, agarrando-se a você, e se elevando nas asas do teu espírito para atingir o céu da nossa própria eternidade.


Aqui neste lugar a Lua brilha, a calma paira por este Universo. Regresso ao meu silêncio para de longe fechar meus olhos e pemanecer abraçado a ti.

domingo, 8 de março de 2009

Voar...


Deixo aqui meu corpo, entregue aos prazeres da carne, sigo rumo ao espaço em busca do infinito, abrindo as asas, estirando meus braços. Mergulho neste voo, percorrendo as paredes íngremes do abismo, roço minha penas em arestas afiadas, desbravo caminhos ocultos. Abraço as palavras que recebo em mim tua alma, como novo reencontro, caminho tantas vezes seguido, de regresso ao espírito, à essência, à pureza dos sentidos.

Bebi do teu corpo, provei no teu cálice o néctar, momento em que me fiz homem, em que senti na pele o traço de teus dedos. Mas a alma voa mais alto, não se pode confinar ao corpo ou se tornaria mortal. No cume deste penhasco, onde a Terra toca os Céus, deixo um pedaço do homem, corpo despido de alma que entrego à terra, para voar mais alto, ser mais leve e tocar a eternidade.

Comigo levo um pedaço de voce, levo comigo teu perfume, levo comigo tua verdadeira essência que tua alma guarda em lugar secreto que apenas as plumas de minhas asas conseguem tocar. Sinto no ar, cada momento, guardo no olhar cada instante, em que por momentos se fez realidade. Homem e Mulher se fundiram num único corpo, que guardará para sempre um sinal dessa fusão.

Nesta Noite, regresso à magia dos tempo, lugar onde habito, onde sou apenas uma luz, que na noite escura brilha, como centelha de esperança.

sábado, 7 de março de 2009

Se esconde....


Se esconde, por detrás desse olhar, envolto numa névoa de mistérios. Me oferece o corpo, como se apenas ele me saciasse. Te peço a alma, que insiste em ocultar detrás do teu peito desnudo.

Se esconde, te cobre com o véu da sedução, deixando transparecer o interior fechado numa barreira de cristal que me permite apenas contemplar o brilho que irradia do centro do teu mundo.

Te descubro, em cada troca de olhar, nos sentidos que reprimes e não quer mostrar. No momento em que a minha alma trespassa o teu corpo como um sabre que não fere.

Te descubro, em cada rosto de mulher, em cada palavra que não pronuncio, em cada instante que não vivo. A cada passo, sinto teu perfume, encontro o toque da tua pele na seda que me acaricia.

Te aguardo, gosto de te ver chegar, quando o dia cede sobre a noite que de mansinho o adormece. Caminhas com a suavidade da brisa da tarde, com a levesa duma pluma.

terça-feira, 3 de março de 2009

Flutua...

No ar teu corpo flutua, se move em ritmos lentos, ao som da música você da dança. Na escuridão da noite o céu revela o brilho das estrelas e ali te aconchega a alma. Te estendo a mão, te ofereço o meu corpo como suporte do teu, meu ombro para repousares tua cabeça, e dançamos. A música não existe, mas seguimos o ritmo da vida. Nossos corpos colados acompanham-se em passos calmos, em uma troca silenciosa, de olhares e sentimentos.

Te conheço, ouço teus pensamentos, sei entender nos teus gestos e o próximo passo, sei perceber num olhar a frase que se segue. Há muito que te sei, há séculos que te ouço, há uma eternidade que te sinto. Fala, sem nada dizer, porque nada precisa de ser dito, apenas, sentido.

Mais um passo, uma nota perdida nesta música inaudível, bailado perfeito, corpos em movimento. Você ouve os meus lamentos, que com o vento afagam teus cabelos, escuta porque ouvindo também te liberta desse peso, da mágoa imensa que carrega no peito. Sabe me ouvir como ninguém, me conheces porque me encontra em vários homens, porque sabes da minha existência deste o princípios dos tempos. O tempo passa o sentimento permanece...