sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Energia...

Hoje sou apenas e só energia. Neste instante de desprendimento, sou outra vez essência, pura e simples, sem qualquer tipo de tempo, contra-tempo ou condicionante. O corpo, tantas vezes sujeito ao espaço, à sua própria dimensão, limitado nos movimentos, espartilhado nos compromissos, deixa-se sufocar, morrer na perpétua corrida por conseguir o equilibrio que apenas o espírito consegue alcançar.

Não adianta dizer que se é capaz, não adianta tudo tentar fazer para lá chegar, não há como não possuir ou ser possuído, como não condicionar ou ser condicionado, enfim esta dimensão é a dona do espaço e, o tempo aqui limita-se a horas, minutos e segundos que decorrem de dias semanas e meses. Por mais que queira não sou capaz de me fazer transportar por inteiro, tenho sempre ficar, para trás, neste tempo, seguindo de mim apenas a luz, energia que meu espírito ilumina e se transfere de corpo em corpo até à eternidade.

Se me perguntar se gosto de ser como sou, te direi que não, mas, aqui e agora, não posso, não devo, ser de outra forma, estou agarrado à Terra, e a sua gravidade me esmaga as asas, me impedindo de voar. Mas, sei fazê-lo, já te mostrei como o faço, e sempre que a realidade perde velocidade, consigo me libertar e divagar pelo espaço e pelo tempo ao encontro do teu sentido, da tua energia da tua essência que flui em minha direção.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Fecho os olhos...


Recebo o teu espírito em meu corpo, como benção divina que desce sobre mim. Ilumina-se a noite em devaneios de doce loucura. Exalo o perfume do teu beijo e liberto as fragrâncias do teu corpo. Fecho os olhos privando os sentidos, agito os braços em perpétuos movimentos. Sinto o frenesi da alma que em mares torbulentos se agita.

É o extase da magia que invade o meu espaço, recordações de instantes, momentos de prazer que gritam.Depois vem o silêncio, a calma e o aconchego, o corpo recolhe-se para se sentir mais próximo da sua própria aura. Não há nada em seu redor, paira simplesmente no vazio, como se fosse floco de neve, frio.

Fico na suspensão desta insustentável leveza, sabendo de que de um segundo a outro a gravidade me fará cair em abismos de realidades, puxando-me para outra dimensão. Silêncio, não se escuta nada durante a inércia deste segundo.Depois desço em espiral, escuto os gritos das pessoas nas ruas, os ruídos dos carros que se amontoam em filas intermináveis, vejo o Sol que queima o olhar, acabado de acordar. Sinto a náusea de tamanho despertar, sobressaltado, agitado, arrancado ao segundo anterior pelas próximas horas de vida intensa e cheia de perplexidades.

Descubro-me no meio da rua, envolto na multidão que em vagas se agita e me leva de um lado a outro neste oceano chamado quotidiano.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Me perdi...


Não sei onde encontro o silêncio que minha alma precisa, escuto gritos e ruídos por todo o lado, a multidão agita-se em redor, enlouqueço neste pranto, murmúrio de milhões de almas em sobressalto. Onde estás que não te vejo, não te sinto não te escudo. Não sei diferenciar tua voz no meio desta amalgama de gente que se contorce em dores, no meio deste fogo que queima a pele, me perdi de você neste sofrimento.

Preciso do teu silêncio, da noite tranquila, da calma da brisa que teu vento me aportava. Não sei porque fiquei sozinho, aqui entre toda esta gente, não sei porque me sinto perdido aqui no meio deste imenso nada. Onde está o meu Universo, dimensão calma que me agasalha, abraço terno e seguro, beijo longo e duradouro que sempre me fizeste chegar nas calmas manhãs de Primavera. Porque não acaba este frio que me gela a alma, este Inverno que me lembra outro inferno, porque não pára esta tempestade de zumbir em meus ouvidos.

Silêncio, suave e profundo, que embala a alma num sonho tranquilo, noite de paz, harmonia e ternura como berço que minha mão empurra. Beleza pura que meus olhos cerrado descortinam no negro desta noite, que em sono pesado, descobre na estrela mais próxima como luz que brilha firme e segura, no final deste longo e escuro túnel.

E chega essa paz, que com água aquecida escorre pelo corpo todo, deixando a alma tendida em cama suave, e consigo assim vê-la adormecida, no mesmo lugar onde sempre a encontrei.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Estes instantes...

No silêncio da minha alma que escuto os murmúrios suaves da tua voz, compasso e ritmo lento, envolvendo, fazendo-me sentir o prazer doce da tua boca. É nesta madrugada feita de ausências, enquanto dormes, que me corpo se acorda para te olhar.

É nesta distância que percorres que sinto em teu esvoaçar a ternura dos teus lábios quando me vens beijar. Durante a manhã, que reparo nas nuvens do pensamento, recolho na pele a maresia deste momento, instante em que teu corpo disperso toca o meu, em que tua pele difusa se agarra à minha como orvalho derramado sobre as pétalas duma rosa. É neste Sol que não brilha, mas acalenta, nesta Lua que não aclara a noite, mas se faz de prata no teu olhar, que me deixo ficar.

É por todos estes instantes, prazer roubado ao tempo, ao corpo e ao espaço, que me deleito em alimentar a alma de letras, traços e figuras que te fazem tão real, como a própria chuva, que lá fora cai sobre os campos verdes deste pequeno Universo. É por saber que estás aí, em cada dia que nasce, em cada entardecer que morre entre horizontes, que me deixo ficar aqui, sentado nesta varanda vazia a olhar para esta noite que se aproxima.