sábado, 18 de outubro de 2008

Aqui..

Aqui entrego meu espírito ao vento forte que sopra fora, aqui dispo meu corpo e deixo minha alma voar, mesmo sem asas. Aqui a música adormece o que resta de mim, e as palavras se soltam na ponta dos meus dedos. Aqui navego por sonhos proibidos, espaços reservados que guardo dentro de mim.


Aqui desenho com as letras cada pedaço deste lugar, onde repousam as magias, onde dormem duendes e as fadas que se refugiam quando esgotam os seus feitiços. Pinto com as cores da aurora os pedaços deste céu que me envolve.
Liberto as letras em cascatas que se batem contra a superfície tranqüila deste mar que morre placidamente na areia da praia.


Deixo à solta os sentidos, para que toquem os corpos dos que aqui vem me visitar, despertando-lhes as almas para a dimensão deste lugar. Aqui, onde o Sol nasce juntamente com a Lua e o dia coexiste com a noite. Nesta ambigüidade prazerosa, os textos ganham forma de gaivotas que rasgam o azul do céu, com seus riscos brancos.


Aqui eu me perco, aqui fico sempre que a vida fora me comprime me empurra e de alguma forma me angustia. Este lugar para mim é secreto, aqui me encontram sempre os que não sabem sobre mim. Aqui vive a alma que não me vêem, mas me sentem, aqui existem meus sonhos, meus desejos, aqui existe alguém...

domingo, 12 de outubro de 2008

Na Plenitude...


Te encontro no prazer dos sentidos, no suave gosto da tua boca, na maciez da tua pele quando encostas-se a mim. Teus cabelos me percorrem como vento suave que percorre a planura do meu ventre. Você é a magia que preenche a minha noite, como sopro quente que me abraça, com a ternura com que me murmuras ao ouvido.


Te guardo como pedaço de mim, em meu âmago te recebo, como cálice sagrado onde derramo o meu vinho. Teus seios são um manancial onde meus lábios se refrescam e minha língua se perde em devaneios de doce e terna loucura. Teus olhos me devoram o olhar, como se o hipnotizasses me fazendo ver o fundo da tua alma, imaculada.


A plenitude que em nós descobrimos, nos completa com tamanha intensidade que nos deixa completamente extasiados, este dilúvio divino, nos transforma em seres mágicos capazes de se desmaterializarem, de regressarem ao próprio éter da alma. Nesta atmosfera primordial, não somos mais que raios de luz, átomos que se fundem num único corpo, uma nova estrela que acaba de nascer.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Com meus olhos fechados...

Com meus olhos fechados consigo te descrever, consigo identificar o perfume que exala teu corpo, sinto o gosto doce da tua boca e sabor de tuas lágrimas.


A fragrância do incenso enche-me a memória com as recordações que sinto de você. Com meus olhos fechados consigo abstrair-me de meu corpo para estar em você, dissipo os pedaços de alma que capto das viagens que faço pela noite como se completasse as tuas recordações com fragmentos de meus pensamentos.


Com meus olhos fechados sei sentir cada pedaço da tua pele, cada curva da tua silhueta como meus dedos guiassem teus sentidos. Com meus olhos fechados vejo você me oferecer teu corpo ao prazer de voar sobre a tua alma, como se percorresse a tua plenitude.


Com meus olhos fechados sei que me sente, entrar em você, me dissolver em teu corpo como água que te inunda a alma. Com meus olhos fechados sinto o teu corpo estremecer, te seguro em um abraço apertado, e te deixo adormecer aconchegada em mim.


Com meus olhos fechados te vejo acordar, envolta nos lençóis amarrotados de uma noite intensa, o corpo desnudo. Com meus olhos fechados vejo seu corpo arrepiado pelo toque do sol em sua pele. Com meus olhos fechados sopro uma suave brisa em teu rosto em busca do sorriso de teus lábios. Com meus olhos fechados vejo o brilho dos teus olhos. Com meus olhos fechados te deixo a lembrança e a sensação da minha presença para que guarde o momento que vivemos. Com meus olhos fechados digo te amo.