quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Entre a minha alma...


Luz, que se cruza na sombra, realça de tua pele desnuda que reflete os sentidos da alma. Noite inundada de estrelas, que me cobre o espírito e te trás até mim. A eternidade se repete num ciclo de palavras que nascem no final de cada dia.

A Noite chega, por entre tons de fogo na agonia de mais uma tarde. És alma pura, virgem imaculada que desponta no jardim da esperança. És passado eternizado nas páginas do livro da minha vida, letra nua, palavra crua, frase doce e terna que me afaga em cada texto.


No canto suave do vento, escuto a tua voz que chega duma outra dimensão, canção ritmada, rima incandescente de amor, saudade de um tempo por inventar. Fala, com a voz da brisa, e te afago com as minhas mãos, perseguindo a silhueta do teu corpo, como se já o soubesse de cor, como se estivesses aqui agora, entre meus dedos, entre meus braços entre a minha alma.

Não sei porque, não sei como mas nasces, com a Noite, em cada dia que se apaga, como uma estrela em permanente cadência, e te recebo, neste pedaço de mundo que ambos construímos, de braços abertos, de alma na palma da mão, absorvendo cada pedaço da tua fulgurante energia, renascendo das minhas próprias cinzas, fazendo de teu corpo, meu corpo, para sempre!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Te olhar...

Te olhar, na profundidade do mar dos teus olhos, sinto-te a alma palpitar. Invado-te, consentes a minha entrada, abrindo-me o corpo, desvendando-me o espírito. Minhas mãos adentram-se na densidade suave dos teus cabelos, e minha boca prova o carmim dos teus lábios úmidos. Deixo os olhos abertos, e te vejo na perspectiva de um beijo longo, num instante de intensa proximidade em que os corpos se tocam e as almas se amam.

Na memória guardo a tua imagem, o mar que se mescla com teus cabelos, o olhar que me chama, antes mesmo de me ter visto, o Sol põe-se detrás de ti, adormecendo o dia. Não sabes, mas a Noite te espera para lá do último raio de luz.

No céu escrevi o teu nome, com as estrelas que agora brilham no teu peito. No vento, que te penteia chamei por ti, numa saudade antecipada, num grito premente. Não te vejo, não te toco, mas sei onde estás, conheço-te como sempre, sinto-te, cada vez mais, minha, como sempre foste, desde o primeiro instante em que brilhaste no meu coração.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Caminho sobre sua pele...

Em cada pétala descubro o gosto suave do teu corpo inventado. A maciez com que deslizam os meus dedos pela tua forma, percorrendo caminhos suaves de canela e jasmim. És um mundo inteiro, que percorro sobre minhas mãos, onde habito e adormeço em cada manhã, exausto do prazer de te sentir por toda a noite, em mim. Bebo os teus fluido, água de vida, prazer e êxtase. Degusto os teus encantos, maná escondido em recantos, alimento que me dás.

Caminho sobre tua pele, nos trilhos do desejo que me deixas sentir, mergulho no mar dos teus olhos, água salgada e tépida que me abraça em lágrimas de felicidade. Minha língua adormece em tua boca, devorando a doçura dos teus lábios e assim aconchegado a ti, durmo nos teus seios. Este mundo, que gira sobre si próprio, escondendo nas sombras da noite os mais íntimos segredos, revela-se para mim, despido de todos os preconceitos.

Entrego-me à tua geografia, sentindo as palpitações deste mundo vivo que é o teu corpo, qual flor que se agita na brisa do vento que passa. És jardim, beleza pura, ou, simples ternura que me absorve. Vivo em ti, viciado no prazer que me ofereces ao amar-te em cada dia, como se este fosse o último e derradeiro dia da nossa própria existência.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Você é uma flor...

Você é uma flor, delicada e bela, perfumada, singela. É uma rosa, vermelha, carmim incandescente, ou tão simplesmente, uma criação de minha mente. És mulher, perdida na noite, que encontro em cada madrugada vagando em mim. És corpo despido, desprotegido, que me segue na ânsia de ser abraçado.

Sou uma palavra, morta, vazia e oca, que se perde entre frases. Sou um texto sem autor, cuja a composição é desprovida de senso. Sou nada, feito de muitas coisas, sou um pouco de tudo e de todos. Letra afogada num oceano de verbos, solitário na incessante busca do que não encontro.

Cruzamo-nos um dia, num recanto do sonho, num pedaço esquecido do Universo. Uma alma despida de corpo, um corpo vazio de alma, tu a minha casa, eu o teu habitante. Num olhar que não se cruzou, adentrei-me em ti, na força dos sentidos, instalei-me em teu peito e tu, tu abraçaste-me, recebeste-me em ti como a boca sedenta que recebe a água fresca. Eu acolhi o teu corpo, o teu calor, como um mendigo recebe um abafo em pleno inverno.

Hoje você ainda é o corpo desnudo, e eu, o xale que te cobre a pele, nas mãos carregas a flor que de nós nasceu.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Esperança que guardo no peito...


O teu corpo e o meu espera pelo tempo, na vontade que este te leve com ele. Esperas-me no limiar desta dimensão que construímos juntos com as próprias mãos. Seguras entre dedos o gosto suave do meu corpo, essência minha que em ti deixei, para saber regressar ao meu lugar em ti. Hoje olhas as estrelas. Perguntas-te qual delas tem o meu brilho, onde habita o meu corpo, disperso entre as cinzas deste fogo adormecido. Nas ondas do teu mar, envolves o meu olhar, lágrima solta que se desprende na saudade de te encontrar.

Olho-te, longe, como única estrela em meu firmamento, aqui a noite é completamente escura, apenas tu, refletes nela o teu olhar, brilho azul de mil sois, silêncio musicado em mil letras. O teu amor sustenta o meu corpo, alimento puros, néctar, mel e simultâneamente alento, que na distância mata a sede, absorve a tristeza e me dá a esperança que guardo em meu peito.

Recebo o toque suave de teus dedos que se entrançam em letras, palavras e frases que acolho, recolho e guardo em mim, como tesouro escondido, como sonho que me atrevo a sonhar acordado. Sopro com a suavidade da tua pele o amor que ofereço em pétalas vermelhas de uma rosa desfolhada pelas formas que recordo ainda do teu corpo esbelto.

O tempo, espera-nos, mais adiante, no caminho do nosso destino, para juntar o dia e a noite, o rio e o mar, o teu corpo e o meu.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Amo - te na madrugada

Abraço teu corpo desnudo, perco-me na suavidade da tua pele, na doçura dos teus lábios, na profundidade da tua alma. Amo-te assim, na madrugada escura da Noite, como se estivesses em mim, guardando em meus lábios o sabor dos teus que a cada instante me beijam. Amo-te de corpo e alma.

Não me escutas? Não me sentes? Estou aqui! Em cada instante da tua ausência, em cada um dos teus silêncios, escuto, ainda que apenas seja, o bater do teu coração. Sente o calor da minha mão te percorrer a face, enxugar a lágrima que resvala em teu rosto. Sente a minha respiração em teu ouvido, meu pranto, meu gemido,

Ainda que no céu não brilhe uma única estrela, ainda que de dia não se sintam os raios do Sol, será constante em ti a minha presença, estará presente em ti a minha força, levarás eternamente na mão a flor que te dei, que inventei para ti, num traço suave de amor e ternura.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Um dia quem sabe....


Mergulho as mão no mar, como se quisesse aprisioná-lo entre meus dedos, como se desejasse fazer dele teu corpo, moldá-lo, senti-lo como se fosses tu. Escrevo sobre a areia molhada, os versos que não te disse, sentidos reprimidos pela frieza do quotidiano. As ondas quebram minhas frases, apagam meus desejos e arrefecem o corpo, molhado, arrastando para o fundo do oceano as esperanças escritas.

Abandono-me nesta praia deserta, esperando que a maré leve o corpo, pois a alma à muito partiu, quiçá me encontres ainda com a réstia de vida que faz bater o coração e alimentar a mente, mas, o espírito partiu, para uma viagem através dos desertos da eternidade, vales de sombras, florestas geladas, numa travessia da minha própria solidão.


Quando a alma se abre, como vela de um barco à deriva, recolhe em si todas as brisas, todos os ventos, enchendo-se, mas, a cada tempestade o pano cede às forças da natureza rasgando-se em pedaços, perde-se o rumo e o navio perde-se na solidão do vazio.

A Noite, traz com elas a estrelas e o silêncio que lhe permitem adormecer embalado pela suavidade das ondas.


Um dia quem sabe, se descubra a alma deste corpo, que jaz inerte sobre a areia da praia. Um dia quem sabe alguém seja capaz de lhe devolver a vida perdida. Um dia quem sabe...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Para Sempre


Hoje sou real, sentes o calor das minhas mãos a deslizar por todo o teu corpo, moldando-o em cada curva que descobre. Sentes o sabor da minha pele, aroma de canela que saboreias a cada beijo. Posso sentir teus cabelos roçarem o meu peito numa carícia arrepiante. Sentes a minha respiração ardente contornar-te o pescoço, minha língua de fogo desenhar-te a orelha. A penumbra que nos envolve, abraça o silêncio que se escuta, neste instante em que a realidade se faz de sensações puras, palpáveis.

Te encostas em mim, te envolvo por completo em meus braços, os corpos desprovidos de roupa colam-se, as essências, fragrâncias, envolvem-se criando um novo perfume, feito do sabor doce da tua pele, do gosto a sal do meu mar, onde mergulhas para sempre.
Ali nos amamos, escondidos nas sombras que a noite nos oferece, libertando-nos das amarras que nos prendem.

Os corpos dançam, em ritmos desgovernados, as almas cantam a música suave que os embala, amamo-nos, intensamente, como se quiséssemos numa só vez dissolver a saudade de séculos, como se esta fosse a primeira e última vez que a vida nos proporcionasse o instante de poder ser um do outro, para sempre.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Aqui sozinho..


Sinto as curvas suaves de um corpo perdido entre nossas almas, sinto o perfume que invade o ar que respiramos, entranhando-se na pele, no corpo que é nosso. Sinto o calor do abraço, apertado, chama lenta que abrasa a libido, e nos aquece a alma com o amor que sabemos fazer. Tocar-te, é esculpir a Deusa que descubro em ti, sentindo cada parte deste todo que se faz da tua alma e termina em teu corpo.

Deitados sobre a brisa que nos transporta, somos apenas energia que flui entre corpos, amor sob a forma de sentires, palavras sobre forma de mil textos por descobrir. De amor te faço cada letra, de paixão, acesa e viva, faço cada frase, de prazer, intenso e puro, faço cada parágrafo que te escrevo na ausência, na distância e no vazio. És aurora boreal, luz que rasga as trevas, inspiração, utopia e lenda, um mito que não me canso de declamar.

Aqui sozinho, no meio de todas estas estrelas, inalo o amor que me ofereces no vento que me afaga o corpo, inspiração profunda, expiração ausente, querendo manter-te bem dentro do meu corpo. Num último e derradeiro suspiro, liberto-te, deixando ficar em mim o prazer de haver-te possuído por um singelo instante.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Te amar assim

A chuva cai, como lágrimas salgadas que se desprendem de teus olhos. O corpo molhado revela tua silhueta, o cabelo longo, escorrido por fios de água cola-se a teus ombros. Vens ao meu encontro, caminhando em passos firmes, como se tivesses a certeza do teu mais intimo desejo. Aqui parado, te vejo chegar, percebo nos teus contornos a saudade por matar, o fogo que arde em teu sangue, e o desejo de finalmente nos podermos encontrar.

Roubo ao céu uma estrela, que sustento entre mãos. Prendo-a em teus cabelos, iluminando tua aura. Teus lábios carmim, murmuram o meu nome, como se me conhecesses de toda a eternidade, e não fosse esta a primeira vez que me encontrasses. Ficamos ali, separados por uns escassos centímetros, sentindo já o calor dos corpos, abraçando já as almas, segurando o desejo que os corpos clamam, aprofundando no olhar o prazer que sabemos já sentir, antes mesmo de nos tocarmos.

Fez-se silêncio, a chuva cessou, o tempo parou, no instante em que as bocas se deram de beber, num beijo doce. No momento em que os corpos se aninharam num abraço apertado, as almas dissolvem-se na fusão perfeita dos seres que se amam e se sentem, a saudade afoga-se no mar imenso da paixão, deixando para trás o mundo inteiro, poluído de adversas realidade, ruídos e agressividades.

Faz-se luz, na noite cerrada, faz-se música no silêncio perdido e voamos, corpos entrançados, rumo ao Universo escolhido.

É te amar assim,
Te saber em mim,
A cada instante!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Minha Procura


Procura constante, vazio perpétuo que me segue como sombra, na longa caminhada. Sou letra que forma palavras, sou frase desfeita, feita de nadas. Anjo perdido em busca do céu, viajante à deriva por textos sem sentido. O mundo que levo no peito, silêncio contido nas letras que escrevo, luz e saudade que sinto de você, além da esperança e eternidade.

Bebo de ti, gotas de inspiração, colho-te do peito a própria invenção, metáfora, sentido, até ilusão. Matas-me a sede, com teu sopro de vento, afagas-me a pele com teu sentimento. E nasço, a cada frase tua, em cada sonho que te faço viver, e morro, a cada silêncio, na escura solidão da noite, por saber que apenas és a letras que passo a escrever.

Vagueio pelos textos que crio para ti, como se me lesses em cada olhar que imagina a palavra, como se fosses real. Encontro-te, cruzamo-nos nas dimensões em que vivemos, passamos sem nos tocar, deixamo-nos ficar, a olhar. Segues o teu caminho, eu a minha quimera, minha imaginação, meus sonhos e minha utopia, adormecendo sobre o livro em branco da vida, na esperança que o amanhecer me traga as palavras que te devo escrever.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Nossa própria eternidade

Esperas-me entre as brumas da noite, o corpo treme invadido pela ânsia do regresso às suas origens. Venho suavemente, como uma brisa de final de tarde, escondo-me por entre as árvores e espreito-te. Deixo que o Sol se apague, e antes mesmo que a noite se instale, passo pelos teus cabelos, afagando-os com uma brisa suave.

O céu escuro, preenche-se de estrelas, e do nada me faço gente, corpo presente. Sentes-me, te abraço encostando o meu peito às tuas costas, minhas mãos procuram os contornos suaves da tua pele, desenhando-te colada ao meu corpo. Inalo o teu perfume, que me transporta no tempo, levando-me para lá da eternidade. Deixas-te estar, entregas o teu corpo ao meu, absorvendo cada toque que persegue os teus desejos.

A música solta-se no ar, e os corpos comprimem-se num abraço apertado, fusão perfeita de curvas e concavidades que se encaixam como peças de um mesmo corpo. Encontramo-nos por instantes numa mesma dimensão, onde os corpos se materializam e os desejos se realizam. Um momento fugaz, roubado à realidade, onde seguramos por um fio invisível o tempo, que se pára na ponta dos dedos, permitindo-nos prolongar entre um segundo e o próximo a nossa própria eternidade.